Marcelo e Cavaco
Não faço a ofensa de comparar Marcelo a Cavaco Silva.
Separam-no muitas centenas de livros, a abissal distância cultural e a conduta
nos negócios privados mas, dito isto, há semelhanças inquietantes de quem se
perfila como candidato presidencial. Marcelo não nos envergonharia como PR mas
é ainda mais perigoso.
Marcelo Rebelo de Sousa ao criticar, na passada sexta-feira,
o líder socialista, António Costa, por recusar “acordos de regime” e rejeitar
viabilizar o Orçamento de Estado (OE) para 2016, em caso de vitória da
coligação PSD/CDS, foi grosseiro na linguagem, ao dizer que António Costa é como um ‘menino’ que só vai a jogo se
souber que ganha, e subserviente a Passos Coelho a quem já presta vassalagem apesar da enorme
distância intelectual e ética que os separa.
Marcelo Rebelo de Sousa foi um dos artífices da unção de
Cavaco como líder do PSD, no congresso da Figueira da Foz, que o elevou, para
desgraça, aos mais altos cargos do Estado. Foi também ele que, a convite do
ex-banqueiro Ricardo Salgado, juntamente com Durão Barroso, urdiu a candidatura
do outro ‘chefe de família’ presente, o inefável Prof. Cavaco, todos
acompanhados das amantíssimas esposas que, no caso do último, é também a sua indispensável
prótese conjugal.
Quem, da janela da TVI, olha o portão do Palácio de Belém e quer
percorrer de rastos o caminho, como vuvuzela da coligação de direita, não é um
estadista, é um oportunista.
Se os portugueses quiserem renovar um PR, uma maioria e um
Governo, transformando o sonho de Sá Carneiro em novo pesadelo, nada se poderá fazer.
É uma decisão do povo pela única via aceitável, ainda que augure os piores
resultados.
É uma ameaça que paira sobre a República. A versão urbana de
Cavaco é mais refinada e tão ou mais nefasta. Apenas não aviltaria o cargo.
Ponte Europa / Sorumbático
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