Espanha – A liderança do PP e a vitória de Pablo Casado
A vitória do candidato mais à direita significa que o Congresso tem ainda o coração na Falange. Quem assiste à radicalização da direita europeia e à amnésia das ditaduras fascistas, não se surpreende que o menos preparado e o mais extremista dos candidatos tivesse ganhado a liderança. Foi um regresso às origens do PP.
É preciso voltar a Manuel Fraga Iribarne para compreender a vitória de Pablo Casado, o político medíocre que apelou aos valores mais retrógrados e à pior tradição do partido.
Iribarne, foi o ministro da Propaganda de Franco, com a pasta da Informação e Turismo, de 1962 a 1969. Apoiante do maior genocida ibérico da História, não sentiu piedade por centenas de milhares de mortos que, depois da guerra civil, onde a crueldade existiu nos dois lados, foram fuzilados e atirados para valas comuns em orgias de sangue e ódio.
Na transição democrática, conduzida por Adolfo Suarez, foi o mais alto representante da agónica ditadura. Vice-presidente desse Governo e ministro dos Assuntos Internos, teve um importante papel na elaboração da Constituição espanhola, que acolheu a monarquia decidida por Franco e o rei que ele educou e de quem recebeu vassalagem.
Fascista pragmático, Iribarne preparava-se para governar a Espanha à frente da Aliança Popular, mas os espanhóis derrotaram-no sucessivamente nas urnas e obrigaram-no a regressar à Galiza natal, onde se perpetuou no poder, enquanto a direita mudou de nome para Partido Popular (PP) e o substituiu, com a sua bênção e a da Igreja, por Aznar, com um discurso moderado a disfarçar o seu ideário.
Agora, com Pablo Casado, o PP, nascido do partido único, volta às origens sem disfarce e sem vergonha. A face urbana de Rajoy ou de Soraya Sáenz de Santamaría estará cada vez mais ausente, e foram Fraga Iribarne, a título póstumo, e Aznar os vencedores do último Congresso, sem benzina para a nódoa da corrupção em que o partido se atolou.
Os tempos mudaram. Não é com histerismo nacionalista, manifestações de retrocesso na lei do aborto, ameaças à Lei da Memória Histórica e amnésia da ditadura franquista, que Pablo Casado unirá o partido. Não lhe faltarão homilias a apoiá-lo no desejo de tornar o PP ainda mais confessional e centralista e manifestações de júbilo da Fundação Franco, mas não tardará que os militantes do PP tenham de optar entre o líder que elegeram e a possibilidade de regressarem ao poder.
O percurso académico nebuloso de Casado e o seu alegado mestrado, sob investigação judicial, atuam como metáfora de um partido, que recusa refletir sobre a corrupção em que se enredou. O novo líder é mais uma acha na fogueira que devora o PP.
Pode suceder o que me disse um amigo espanhol, de Madrid, sobre Pablo Casado: «Não dura duas novenas».
É preciso voltar a Manuel Fraga Iribarne para compreender a vitória de Pablo Casado, o político medíocre que apelou aos valores mais retrógrados e à pior tradição do partido.
Iribarne, foi o ministro da Propaganda de Franco, com a pasta da Informação e Turismo, de 1962 a 1969. Apoiante do maior genocida ibérico da História, não sentiu piedade por centenas de milhares de mortos que, depois da guerra civil, onde a crueldade existiu nos dois lados, foram fuzilados e atirados para valas comuns em orgias de sangue e ódio.
Na transição democrática, conduzida por Adolfo Suarez, foi o mais alto representante da agónica ditadura. Vice-presidente desse Governo e ministro dos Assuntos Internos, teve um importante papel na elaboração da Constituição espanhola, que acolheu a monarquia decidida por Franco e o rei que ele educou e de quem recebeu vassalagem.
Fascista pragmático, Iribarne preparava-se para governar a Espanha à frente da Aliança Popular, mas os espanhóis derrotaram-no sucessivamente nas urnas e obrigaram-no a regressar à Galiza natal, onde se perpetuou no poder, enquanto a direita mudou de nome para Partido Popular (PP) e o substituiu, com a sua bênção e a da Igreja, por Aznar, com um discurso moderado a disfarçar o seu ideário.
Agora, com Pablo Casado, o PP, nascido do partido único, volta às origens sem disfarce e sem vergonha. A face urbana de Rajoy ou de Soraya Sáenz de Santamaría estará cada vez mais ausente, e foram Fraga Iribarne, a título póstumo, e Aznar os vencedores do último Congresso, sem benzina para a nódoa da corrupção em que o partido se atolou.
Os tempos mudaram. Não é com histerismo nacionalista, manifestações de retrocesso na lei do aborto, ameaças à Lei da Memória Histórica e amnésia da ditadura franquista, que Pablo Casado unirá o partido. Não lhe faltarão homilias a apoiá-lo no desejo de tornar o PP ainda mais confessional e centralista e manifestações de júbilo da Fundação Franco, mas não tardará que os militantes do PP tenham de optar entre o líder que elegeram e a possibilidade de regressarem ao poder.
O percurso académico nebuloso de Casado e o seu alegado mestrado, sob investigação judicial, atuam como metáfora de um partido, que recusa refletir sobre a corrupção em que se enredou. O novo líder é mais uma acha na fogueira que devora o PP.
Pode suceder o que me disse um amigo espanhol, de Madrid, sobre Pablo Casado: «Não dura duas novenas».
Comentários
Ora, o 'caso Gurtel' começa exactamente durante o Governo de Aznar. Agora, os 'espanhóis' pretendem (re)lançar o PP com um afilhado de Aznar.
Tudo em família. Por assim dizer, tudo encaminhado para regressar ao falangismo mais retrogrado.
Só faltou o Congresso do PP nomear o ex-ministro de Aznar, Francisco Correa (condenado a mais de 50 anos de prisão), verdadeiro homem de mão de Aznar e o tarefeiro de serviço encarregue da montagem do esquema Gurtel.
Os 'nuestros hermanos' afectos ao PP continuam a querer navegar em águas turvas.
A 'desfascização' de um País revela-se uma tarefa complexa e usa muitos ardis.
Aznar 'chamuscado' foi buscar ao seu redil um 'jovem turco' que tem uma missão impossível: arrebanhar os jovens para votarem no PP...
Mas o barco do PP está a meter água por todo o lado e não terá salvação. Pablo Casado vai naufragar nos escolhos que o 'pdrinho' representa.
Pode até ser que um dia destes os Espanhóis decidam salvar a Espanha una e democrática transformando-a numa República Federal. Se isto acontecer e se a UE continuar a dar sinais de defunção perante a ameaça populista, talvez não fosse má ideia reconsiderar a União Mediterrânica, que se estenderia à França, Itália e Grécia (mas seria preciso afundar primeiro Salvini) e a Marrocos e à Tunísia...
Obrigado pelo seu pertinente comentário.