Gays, homofobia e minorias

Há dias, em Coimbra, junto de um conhecido centro comercial, um casal de jovens gays despediu-se com um beijo, uma manifestação de ternura que incomodou um casal e dois filhos adultos, do sexo masculino, que assistiram ao cumprimento.

Não gostar de ver homens a beijarem-se é um direito, mas agredi-los de forma selvagem é um crime cuja impunidade pode transformar em hábito uma manifestação primária de intolerância, no caso uma agressão que exigiu intervenção hospitalar com uma sutura de vários pontos à cabeça de uma das vítimas.

A notícia foi dada por diversos jornais, locais e nacionais, mencionando os agressores como sendo de etnia cigana, o que é raro na identificação de minorias.

Reconheço que eu próprio, indiferente ao politicamente correto e calejado com insultos e ameaças, considerando aceitáveis os primeiros, esforço-me para evitar escrever sobre assuntos que incitem ao racismo e à xenofobia. É, aliás, a razão que me leva a denunciar facilmente a intolerância do catolicismo, quando existe, e me inibo a acusar o Islão, hoje incomparavelmente mais extremista, prosélito e fascista, especialmente o ramo sunita.

Sinto-me desconfortável a zurzir as minorias, mas insisto na denúncia da violência, seja de ciganos, negros ou gays, para referir as minorias mais frequentes em Portugal.

E não posso deixar de manifestar a minha repulsa pelo ato de quem não se adaptou ao respeito que a civilização lhe exige. Aliás, é com enorme perplexidade que verifico um ensurdecedor silêncio das associações que defendem – e bem –, as minorias, sobretudo as sexuais, e que têm grande visibilidade mediática.

Se consentirmos que uma minoria, seja ela qual for, ponha em causa direitos humanos, estamos a ser cúmplices dos ataques à nossa cultura e ao ethos civilizacional que nos caracteriza. A selvática agressão ao pacífico casal gay, não é apenas um caso de polícia, é um ataque à convivência pacífica de uma sociedade cosmopolita, tolerante e urbana.

Pasmo com o silêncio que caiu sobre o crime de ódio que provocaria uma indignação ruidosa se acaso fosse perpetrado por um casal caucasiano e dois filhos jovens adultos.

Este silêncio também é racista.

Comentários

Jaime Santos disse…
Só há verdadeira Igualdade se a Lei se aplicar a todos de maneira igual, independentemente do género, etnia, religião (ou ausência dela) condição social ou orientação sexual. Isso deveria ser por demais evidente. E a Lei garante a proteção a todos da sua integridade física e moral desde logo.

O que estas pessoas fizeram deve naturalmente ser punido de acordo com as sanções previstas no código penal. E só não digo que deve ser punido de maneira exemplar, porque desconheço quer os detalhes do caso, quer eventuais fatores atenuantes (não sabemos se os presumíveis agressores são primários ou não, por exemplo). Deixo isso ao critério do juiz que os deverá julgar...

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