Juan Carlos, a criação franquista que desperta Espanha para a República
Corinna, junto ao rei num ato público em Barcelona, em 2006/ EFE |
A prisão do genro e a conivência do rei emérito na defesa da filha, não lhe importando sacrificar a amante, com quem protagonizou um escândalo em África, ainda que dos deveres régios não constasse a fidelidade conjugal, criaram problemas que debilitam a monarquia, que nunca foi especificamente submetido ao escrutínio dos espanhóis.
Corinna zu Sayn-Wittgenstein, a ‘amiga íntima’, revelou que Juan Carlos I recebeu 80 milhões de euros pela construção da linha de alta velocidade de Medina a Meca [AVE a La Meca], depois de ter pedido uma comissão para intermediar a concessão a empresas espanholas no projeto de construção da referida via.
Corinna, consultora domiciliada no Mónaco, reconheceu ao comissário José Manuel Villarejo, em 2015, que o rei a usou como testa-de-fero para ocultar o património e as suas propriedades no estrangeiro: "Não o fez porque me ame muito, mas porque resido no Mónaco", segundo a gravação a que tiveram acesso ‘El Español’ e o ‘Okdiario’.
O juiz José Castro, que julgou o CASO NÓOS chegou a afirmar que o rei Juan Carlos “devia ter declarado mais como arguido do que como testemunha” e que o tribunal estava “metaforicamente sequestrado pelos factos provados”, com uma capacidade de manobra “muito limitada”.
A inviolabilidade negociada por Aznar, para a sua resignação, evita-lhe a prisão, mas a desonra começou na indigitação por Franco, que o educou nas madraças da Falange, e acabou na marginalidade dos negócios escuros e na exoneração da ética.
O silêncio da comunicação social portuguesa parece um pacto com o jornal espanhol ‘ABC’, monárquico e reacionário.
Fonte: www.publico.es
Comentários
Juanito disse: Franco é 1 exemplo para mim.