Erro de casting ou decadência das instituições?
O novel académico não tem carreira fulgurante no campo cultural. Quando secretário de Estado da Cultura, de Cavaco Silva, ficou manchado pelo veto do seu subsecretário, Sousa Lara, a ‘O Evangelho Segundo Jesus Cristo’, de José Saramago, à candidatura do Prémio Literário Europeu. Não foi também o envio de felicitações a Machado de Assis, falecido em 1908, com votos de sucesso literário pessoal no lançamento da reedição de Dom Casmurro, em Lisboa, para que fora convidado como presidente da Câmara, que lhe ampliou o prestígio cultural.
Apesar do gosto pela música erudita e de «adorar ouvir os violinos de Chopin” [sic],não tinha obra de investigação ou publicações que o recomendassem, mas a cultura não lhe é alheia e a aprovação unânime pelos 14 ‘académicos de número’ presentes, justifica-se:
– O ora académico da prestigiada instituição apoiou a publicação da Obra Completa do Padre António Vieira (2013-2014), com 500 mil euros, montante com que a Santa Casa da Misericórdia participou quando era ele o Provedor;
– Quando presidente da Câmara de Lisboa, cedeu à Academia Portuguesa da História as instalações que ainda hoje ocupa, facto citado pela presidente da Academia Portuguesa da História, Manuela Mendonça, no elogio feito ao novo membro honorário.
Como se vê, a Academia Portuguesa da História estava em dívida para com ele, dívida reparada neste mês de julho e que dá jeito no currículo de qualquer fundador de um novo partido político.
Um honrado professor da Escola Naval, oficial superior da Marinha de Guerra, das suas numerosas condecorações, apenas tinha orgulho na medalha do Instituto de Socorros a Náufragos, resultante de um donativo seu, não da Associação dos Pupilos do Exército, de que era presidente.
Sem retirar mérito académico a Santana Lopes, imagino o Aiatolá Khomeini galardoado pela Confraria do Leitão à Bairrada, o que não surpreenderia depois de Cavaco Silva ter sido agraciado com o Grande-Colar da Ordem da Liberdade.
Erros de casting.
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