11-11-1918 – 1 século e muitas guerras após a paz

Há cem anos foi assinado o Armistício que pôs fim à Guerra de 1914/18 e determinou o cessar-fogo a partir da 11.ª hora, do 11.º dia, do 11.º mês, desse ano de 1918.

Morreram 9 milhões de soldados e ficaram feridos ou gaseados 21 milhões, enquanto os civis que pereceram, vítimas da guerra, se saldaram em cerca de 5 milhões.

Nunca mais uma guerra atingiu sobretudo militares.

Duas décadas depois, uma nova guerra (1939/45), muito mais mortífera, duraria 6 anos, e deixaria dezenas de milhões de mortos civis. Na origem de ambas, esteve o descrédito da democracia, que todos os demagogos e populistas estimulam.

À medida que os últimos sobreviventes vão desaparecendo, novos motivos estão a ser criados para provocar outra, agora de forma mais violenta e com a capacidade destrutiva do sistema financeiro aumentada.

Hoje, arriscam-se a ser vítimas todos os que assistirem ao desencadear de uma nova e derradeira guerra. São péssimo pronúncio os nacionalismos que se exacerbam, como se a Humanidade não fosse o conjunto dos homens e mulheres que habitam o Planeta, mas a divisão tribal em que se digladia.

Mas hoje é dia de celebrarmos o Armistício de 1918.

Comentários

e-pá! disse…
Os portugueses têm sobejas razões para comemorar o Armistício de 1918.
Na realidade, ele pôs fim ao massacre do impreparado Corpo Expedicionário Português (CEP) em terras de França e da Flandres.

Pena é que a histografia oficial se dedique a comemorar a valentia do soldado Milhões e se esqueçam os horrores sofridos pelo CEP. Milhões foi a excepção que só confirma a regra - que foi o massacre. Só na batalha de la Lys, na Bélgica, morreram 1341 soldados portugueses, 4626 foram feridos e 7440 foram feitos prisioneiros.

Nas 'comemorações aos mortos de Grande Guerra' nunca deveria ser iludida a dimensão deste desastre humano e acima de tudo deveríamos compreender a razão porque não faz a guerra quem quer (muito embora o alinhamento da República com os Aliados tenha sido 'politicamente correcto'), mas quem pode. E ninguém deveria ter (ou ser capaz de desenvolver) 'capacidades' para poder fazê-la.

Na realidade, a I Guerra Mundial, no que diz respeito a Portugal, para além dos intoleráveis custos humanitários, deixou o País de 'pantanas' e está na génese remota do regime que haveria de 'aparecer' em 1926 (8 anos depois do Armistício) e levou à implantação de uma longeva ditadura que, paulatinamente, foi aumentando o número de vitimizados (muito para além dos mortos e estropiados dos campos da Flandres)...

O confronto entre impérios que fez eclodir a I Grande Guerra, modificou o mapa do Mundo, trouxe novos equilíbrios políticos e económicos (entretanto já derrubados) mas não derrotou inexoravelmente as políticas imperialistas, nem os anseios hegemónicos, que lhe estão na sua génese.

Hoje, apesar das lições históricas disponíveis (e a II Guerra Mundial que lhe seguiu é um acabado exemplo disso) ainda padecemos dos mesmos males e, mesmo passado 1 século, continuam no 'ar' o mesmo tipo de ameaças, embora com novas roupagens. Na realidade, os Armistícios tendem a organizar e regular a submissão e o saque dos vencidos, distribuir louros e conquistas, mas não se debruçam sobre as causas.
Tem sido sempre assim. E as comemorações do I Centenário do Armistício da I Guerra Mundial, em Paris, deveriam ter optado por menos pompa e mais circunstância (política).

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