Eleições intercalares nos EUA: considerações preliminares e genéricas…
As eleições intercalares norte-americanas não mostram uma reviravolta nas opções ‘políticas yankees’, nem desanuviaram o ambiente político mundial onde Washington joga, ainda, um papel determinante.
A meia vitória do Partido Democrata não deverá trazer, por si só, alterações aos ‘distúrbios trumpistas’ em curso, nomeadamente, no que se refere às políticas de saúde, de migração, o meio ambiente e dos acordos internacionais. Tornará - para a Administração Trump - as coisas mais difíceis, mais complexas mas, na realidade, não conseguiu emendar (ou aliviar) o desvario eleitoral, registado em 2016, que conseguiu fazer eleger o atual Presidente.
À maioria Democrata na Câmara dos Representantes cabe uma tarefa gigantesca. É sobre ela que recai a atenção do Mundo civilizado - independentemente da identificação dos observadores com o sistema político norte-americano – já que recai sobre um dos fulcrais atores de um estoico baluarte do capitalismo.
O ‘colaboracionismo’ que o Presidente (formalmente) solicita ao Congresso, depois de uma eleições que classificou para si como sendo um ‘estrondoso êxito’, é uma proposta indecorosa, nomeadamente, porque Trump tem privilegiado na sua acção governativa com atabalhoadas e exibicionistas ‘medidas administrativas’, sob a anuência tácita do Partido Republicano (detentor até agora da maioria nas duas câmaras), em prejuízo do debate parlamentar, eminentemente democrático.
Para o ‘resto do Mundo’ - isto é, para os cidadãos não-eleitores - ressalta a sensação de que a presidência de Trump não conseguiu recolher a condenação que merecia.
Continua a existir um profundo desfasamento entre os ideais democráticos (universais) e o que se passa nos EUA.
O Mundo - com Donald Trump na presidência dos EUA - tornou-se, inegavelmente, num sítio muito instável e perigoso. As eleições intercalares norte-americanas não resolveram estes desequilíbrios embora muitos depositassem largas esperanças nesse sentido. Provavelmente, esta desejada ‘solução’ era desmesurada e irrealista e não era exactamente isso que estava em jogo.
Todavia, existe um dado visível e significativo. O Mundo reclama da maioria Democrata na Câmara dos Representantes um papel relevante no reequilibrar dos desvios democráticos que a presidência de Trump tem sido pródiga em protagonizar.
Ao fim e ao cabo o cerne dos desejos da grande maioria dos cidadãos está na defesa das liberdades e da democracia. Uma pretensão que – no século XXI - faz parte de um comum património civilizacional da Humanidade.
É por estas razões que, muitos daqueles que, muito embora não se identificando como o sistema capitalista de que os EUA são a máxima expressão, sentem-se impelidos para 'cobrar' ao Partido Democrata americano, mais do que uma sistemática e tradicional oposição, mas antes um trabalho fiscalizador e regulador da presidência Trump, de acordo com o tão badalado sistema constitucional de ‘check & balance’.
De facto, a grande batalha (a presidencial) foi adiada para daqui a 2 anos sem que destas eleições seja possível colher muitas ilações. E, em política, 2 anos representa um longo caminho.
O que para já se consagrou com as eleições intercalares norte-americanas da passada 3ª. feira foi a responsabilidade de continuar a lutar contra os desvios (desvarios) populistas de Trump. Nada mais.
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