Espanha – Tentativa de assassinato do Presidente do Governo, Pedro Sánchez.

A Justiça espanhola considerou o militante nazi, Manuel Murillo, um atirador olímpico, detentor de um arsenal bélico e preparado para assassinar o Chefe do Governo, como não terrorista. Foi considerado mero portador de intenções de conspiração para atentar contra uma autoridade, apesar da organização, das ligações, dos meios, e da decisão de matar essa ‘autoridade’, que era ‘apenas’ o chefe do Governo de Espanha.

E de esquerda!

Em Portugal não há um só juiz Fernando Andreu nem chefia da Procuradoria Geral que, conhecendo, desde o início, a detenção de um nazi com um vasto arsenal, que planeasse matar o PM, decidisse não investigar o caso; e, muito menos, uma ‘Audiência Nacional’ capaz de urdir uma mentira inverosímil para ocultar a inércia contra o decidido atirador, cego de raiva pela exumação de Franco do Vale dos Caídos.

Manuel Murillo, vigilante de segurança e autor da tentativa de assassinato do presidente do Governo foi detido quando planeava matá-lo. O fascista tinha sido condecorado, em fevereiro deste ano, pela Associação de Amigos da Guarda Civil, em Barcelona, nas próprias instalações da Zona da Catalunha do Instituto Armado, na presença de altos comandos, facto que só surpreende quem desconhece que o franquismo permanece nas Forças Armadas e de Segurança e no aparelho de Estado.

O franco-atirador, ora detido, que é filho do último autarca franquista da localidade catalã de Rubí, frequentava ambientes de ultradireita e tinha jurado vingança contra Sanchez, se retirasse Franco do Vale dos Caídos.

O gabinete de relações públicas da Guarda Civil já veio dizer que a presença de Murillo nas suas instalações foi a título meramente privado e da exclusiva responsabilidade da Associação de Amigos da Guarda Civil. A Procuradoria da Audiência Nacional, depois de urdir uma mentira para fugir às responsabilidades, já se retratou e reconheceu que, afinal, admite agora, conhecia o caso do franco-atirador.

Além do risco que correu a chefe do Governo de Espanha e da displicência com que a tentativa de assassinato foi encarada pela magistratura (ir)responsável, é evidente que o aparelho de Estado espanhol não é o de uma democracia. Tal como a monarquia, é uma herança do ditador.
Na foto estão as armas que eram detidas pelo presumível terrorista.

Fonte: Todos os factos têm sido relatados no Público e, alguns, em El País, nos últimos dias. Deve-se a esses jornais a divulgação do atentado à democracia, que ameaçava ser silenciado.  Há, aliás, uma indiferença preocupante em Espanha e silêncio em Portugal.

Comentários

e-pá! disse…
Quando se compara a postura da justiça do reino Espanhol perante este caso e as atitudes rígidas, desenfreadas e desproporcionadas contra os políticos independentistas catalães o mínimo que pode acontecer é 'fazer-se luz'.
De facto, a transição entre o regime ditatorial franquista e o compromisso democrático saído da Constituição de 1978 deixou para trás muitos 'rabos de palha', sendo os mais evidentes, a Justiça e as Forças Armadas.

Urge, portanto, 40 anos passados, enterrar o falangismo (desenterrando o seu caudilho do Vale dos Caídos) e reformar os pilares fundamentais da soberania (Justiça, Forças Armadas, Polícias, etc.) de uma influência nefasta e retrograda que, no dia a dia, se revela conflituante com a democracia plena.
Assim, os 'espanhóis' começam a entender que 40 anos de 'democracia mitigada', bastam!

O que o 'caso Manuel Murrillo' revela, numa primeira análise, é que a Justiça espanhola tem de ser feita em nome do Povo (e não do rei - um 'produto' residual do franquismo).
Porque se dependesse da vontade real nunca Pedro Sanchez seria chefe do Governo.
Esta a diferença que justifica a escandalosa contemporização da justiça espanhola perante o presente caso...

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