O estridente regresso do fascismo

O Brasil é apenas uma peça mais no trágico regresso do fascismo cuja popularidade, na década de 30 do século passado, foi universal. No Brasil, a vitória largamente anunciada e prevista, depois do golpe contra Dilma, executado com a cumplicidade dos partidos de direita e de juízes militantes, sem que as democracias reagissem, só dois cenários seriam possíveis, a vitória de um Bolsonaro ou de um golpe militar.

Perante a eventual vitória de Lula da Silva, não restava aos golpistas outra solução que não fosse a rápida acusação, julgamento e prisão do candidato pelo ministeriável juiz Sérgio Moro.
 
Imprevisível foi a votação dos brasileiros residentes em Portugal, cuja instrução e clima de liberdade, pareciam incompatíveis com a descomunal votação em Bolsonaro.

O ex-capitão da ditadura, misógino, homofóbico, racista e xenófobo, partidário da pena de morte e da tortura, junta-se a Duterte, Trump e Erdogan, quando, na Europa, a deriva fascista atinge proporções colossais e no continente americano só resta imune o Canadá.

O Brexit acontece no país com maiores e mais antigas tradições democráticas mundiais, por um desvio nacionalista que ameaça tornar inviável a União Europeia, precária a paz, frágeis as fronteiras, e em risco as democracias e a civilização de que são guardiãs.

Hungria, Polónia e Itália são os casos mais graves que atingem a Europa, e não há um só país onde o fascismo não surja impetuoso com populistas a procurar a sua vitória.

Trágico, até no aspeto simbólico, é o renascimento da extrema-direita na Alemanha, na sua arrepiante escalada, com o partido social-democrata (SPD) a desparecer e o partido democrata-cristão (CDU), um baluarte da democracia, a definhar perante a exuberância da extrema-direita.

O partido da extrema-direita ‘Alternativa para a Alemanha’ (AfD), entrou no corrente mês de outubro, em eleições regionais, sucessivamente nos parlamentos da Baviera e Hesse, alcançando a presença em todos os parlamentos regionais da Alemanha.

A comunicação de que a Sr.ª Merkel não se recandidatará em 2021, é o anúncio da saída de cena da última grande estadista europeia e da maior referência democrática do PPE, a voz que impede desvios de direita do agrupamento europeu de partidos conservadores e democrata-cristãos.
Não faltam, sequer, ataques a sinagogas, o antissemitismo a causar arrepios, sem medo ou memória de Nuremberga. Os ingredientes de uma catástrofe apocalíptica já estão aí.

Urge revisitar a História, regressar um século e refletir sobre as duas décadas posteriores a 1918, e evitar uma conjuntura para o ‘Quarto Reich’ e a Terceira Guerra Mundial, esta com um Eixo mais poderoso do que os Aliados dispostos a defender a democracia.

Desta vez, pode não sobrar ninguém para celebrar a vitória.

Ponte Europa / Sorumbático

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