Sobre greves de trabalhadores e arruaças de militantes políticos
Não há democracia sem direito à greve, mas há greves sem democracia, e recordo-me da coragem de quem as organizou e dirigiu com a consciência dos riscos e a abnegação de quem enfrentou a repressão, quando todos arriscavam a perseguição, o desemprego e a prisão.
Hoje, a greve é um direito que os democratas não discutem, mas, sendo a legitimidade inquestionável para todos os trabalhadores, de onde estão excluídos os membros dos órgãos de soberania, cuja agenda política deve ser escrutinada pelos cidadãos, podem ser justas ou não, viáveis ou irrealistas, merecedoras de apoio ou objeto de reprovação.
Não será por acaso que alguns sindicatos andam a reboque de Ordens cujos bastonários têm agenda partidária e fazem desses organismos corporativos instrumento de promoção pessoal e, ultimamente, com chorudos vencimentos e obscenas regalias que acumulam com ordenados da função pública, estranha acumulação na ausência de funções.
Há greves oportunistas e injustas, greves que têm como objetivo principal a fragilização do Governo que tem procurado recuperar as carreiras extintas, os salários diminuídos e os direitos dos trabalhadores retirados, algumas vezes mais por radicalismo ideológico do que por racionalidade económica.
Compreende-se a impaciência, a ansiedade e a raiva de quem se viu tão maltratado, mas percebe-se mal que as dirijam de forma tão inflexível para quem tem procurado reparar injustiças e ir ao encontro de aspirações legítimas.
Os dirigentes sindicais a quem faltar discernimento para os limites em que devem atuar poderão ser responsabilizados pelo retrocesso dos direitos dos trabalhadores, que lhes cabe defender.
É frequente ver quem mais se opõe aos interesses dos trabalhadores a rejubilar com os prejuízos e anticorpos que as greves naturalmente provocam.
A História ensina-nos tanta coisa!
Ponte Europa / Sorumbático
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