A um passo da nudez

Quando havia respeito e ordem e, em S. Bento, habitava um devoto zelador da moral e dos bons costumes, a indecência era combatida sem tibiezas, e os jornais, só com fins didáticos, mostravam, a preto e branco, a audácia da devassidão, para a execrarem.

Nesse tempo de que agora ressuscitam almas atormentadas, incluindo a única deputada do partido fascista, jovem e devota, que Deus a guarde, não se viam os despautérios de agora.

O estímulo da líbido, que tantas almas perdeu, era uma obsessão feminina que cabia aos homens impedir, e que os tempos de perdição ora impedem.

Primeiro começou por se permitir às mulheres que mostrassem braços e pernas, depois o seu consentimento para o casamento e, finalmente, a administração de bens próprios, o divórcio, o acesso a profissões masculinas, como a magistratura, carreira diplomática e integração nas Forças Armada e policiais.

Finalmente, foi retirado aos maridos o direito de impedirem às mulheres as deslocações ao estrangeiro sem a sua autorização, escrita a com assinatura reconhecida, e até passou a ser crime assassinar a mulher em flagrante adultério.

Que tempos estes!


Comentários

Monteiro disse…
Nessa altura, na Rua do Carmo n.º 25, em Lisboa, funcionava uma casa de meninas exclusivas para os Ministros do Salazar da Madame Calado que era duma terra próxima do Fundão...

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