As eleições legislativas e o rearmamento

Sem perder de vista o julgamento ético do primeiro-ministro que recusou esclarecer as avenças que transmitiu aos filhos, só depois de descobertas, e a reincidência em eleições que provocou e dissimuladamente atribui a oposição, há questões urgentes a discutir.

O PSD, useiro e vezeiro a tomar decisões em períodos de gestão, continua a usar o que sobra da invejável situação financeira que herdou na campanha eleitoral em curso. Da conduta e dos fracassos do governo, especialmente na Saúde e Habitação, pelas decisões erradas que agravaram os problemas, é obrigatória a punição eleitoral.

Há assuntos em que é necessário confrontar todos os partidos, sendo o rearmamento um dos mais importantes desde que Mark Rute, secretário-geral da NATO, referiu a meta de 5% para esse fim, sem justificação e por mera exigência do patrão, Donald Trump.

Com Rute em risco de ser despedido por desapego dos EUA à Nato, cabe aos países da UE repensar a aliança, com ou sem o RU, o satélite dos EUA rival da UE, e com quais países, pois nem todos os da UE são da Nato e nem todos os da Nato são países da UE.

Não sendo a UE uma aliança militar, precisa de uma. É por isso que, na minha opinião, urge definir que tipo de aliança defensiva se pretende, com quem e contra quem, porque os amigos e os inimigos mudam entre as nações ao longo dos tempos.

A futura aliança militar, só possível numa federação de países, que pessoalmente desejo, terá de decidir se pode integrar a Turquia que, sendo da Nato, caminha para um califado otomano, e até mudar o nome porque há vários países da UE que não são banhados pelo Oceano Atlântico.

Se for para as Forças Armadas da UE defenderei o aumento das despesas para a Defesa comum, mas, se for para rearmar individualmente países que no passado se digladiaram, não. E recuso que a reflexão sobre a Defesa não seja sujeita a discussão nos países que a vierem a integrar. E se, em vez de defensiva, como a CRP portuguesa exige, passar a ser belicista.

É urgente discutir este assunto antes de um qualquer almirante nos mandar morrer onde a Nato quiser. 


Comentários

Manuel M Pinto disse…
"O inquisidor-mor abriu o jogo"
Por José Goulão
Quinta, 27 de Março de 2025
https://www.abrilabril.pt/nacional/o-inquisidor-mor-abriu-o-jogo
"Em boa verdade, é urgente que as portuguesas e portugueses se apercebam da necessidade de travar o envio dos nossos filhos e netos para um matadouro que nada tem a ver com os nossos interesses, apenas existe por razões que não são as nossas e nenhuma relação tem com a democracia, antes pelo contrário – digam o que disserem as classes políticas e respectivos propagandistas.
É urgente, por isso, que se evite o arrastamento dos nossos jovens para o sacrifício antes de começarem a regressar, em massa, inertes e dentro de sacos de lona. É disto que também trata a campanha eleitoral em curso."
JA disse…
No que concerne à necessidade do aumento das despesas para a defesa, com o devido respeito pela posição exposta no texto, parece-me que a mesma é já uma capitulação face à pressão dos sectores belicistas da UE, imbrincados que estão com os donos do lado de lá do atlântico. De facto, a questão só se levanta para aproveitar toda a propaganda que nos tem sido vendida desde o início da guerra: se o papão da Rússia substituiu com êxito o papão do comunismo, armemo-nos! Mas, afinal, a Rússia parece que gasta três vezes menos do que o conjunto dos países da UE em despesas militares!!! Se é assim, que sentido terá incrementar tal despesa? Dizem-nos que a nossa segurança merece bem que esqueçamos a manteiga! Pois, querem que aceitemos o fim da Liberdade e do Estado Social e voltemos ao antigamente, mesmo que sob novas vestes, como o narrado por Alexandre O'Neill no "Poema pouco original do medo"! Assim, concordo que devemos exigir que aqueles que se propõem representar-nos nos Órgãos da Democracia tomem partido inequívoco sobre o assunto. Na minha modesta opinião, o importante, por agora, é que consigamos romper a teia que nos vem aprisionando, há
a mais de três anos, pela Guerra, tecida que foi/é pelo neoliberalismo para nos arrastar para novas formas de servidão, num qualquer "Admirável Mundo Novo".
Manuel M Pinto disse…
AINDA O «INQUISIDOR-MOR»...
https://www.abrilabril.pt/nacional/entrevista 
A «entrevista» AbrilAbril
Por Inês Pereira Sexta, 28 de Março de 2025.
«Isto não foi só uma entrevista, meus amigos, foi um retrato, um espelho da maneira como se cala quem pensa diferente, não com a censura antiga de lápis azul, mas com a nova, feita de interrupções, de insinuações, de tempo esvaziado de conteúdo.» AbrilAbril

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