Quo vadis, Europa? – 18-03-2015 (Atualizado)


Quo vadis, Europa?

Que é feito de ti, bela Europa, filha de Argenor, por quem Zeus traiu Hera, disfarçado de touro, e te levou para Creta para amar e fazer filhos?

Que é feito de ti, dileta do pai dos deuses e dos homens, abandonada a usurários que te violam num vão de escada de agiotas e abandonam à concupiscência do liberalismo?

Esqueceste os filhos da mitologia grega, Minos, Radamanto e Sarpedão, mas deste-nos o Renascimento, o Iluminismo e a Revolução Francesa. Deixaste-nos primeiro os ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade e, com eles, a ciência, a técnica e a cultura com que fizeste feliz quem nasceu em ti.

Tal como Fídias, sob Péricles, esculpiu o mármore em êxtase, tu criaste uma sociedade talhada com o cinzel da liberdade na pedra da tolerância. As artes, a ciência e a cultura brotaram de ti, grávida de Zeus, para deleite humano. Como pudeste esquecer a região da Ática onde Atenas guardava, há 3.400 anos, o porto de Pireu, vendido à China para matar a fome dos que vivem no berço da civilização que herdaste?

Não se pode entregar a Acrópole ao FMI nem o futuro da civilização à Prússia ou aos EUA. A Europa não nasceu no Portão de Brandeburgo nem na Casa Branca e não pode ser abandonada, exangue, à frieza teutónica ou à irascibilidade americana.

A Europa, laica e democrática, só sobreviverá inteira, e morrerá em cada povo que seja abandonado, em cada pobre que pereça de inanição, em cada nação que deixe soçobrar.



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