Do Diário da Diana – 13 anos – escola C+S da Musgueira 13/03/2025

 Do Diário da Diana – 13 anos – escola C+S da Musgueira

O meu pai anda desnorteado com os desentendimentos entre os seus heróis, o Trump, o André e o almirante. Já não sabe, para lá do adorado André, quem apoiar. À sua vontade devia haver três Andrés, um para PR outro para PM e um terceiro para presidir à AR.

É por isso que ele fala menos sobre política e cada vez mais contra os imigrantes sem nunca deixar que nós, eu e a minha mãe, falemos, que a política não é para mulheres.

Agora que já me interesso pela vida do País a minha mãe responde às minhas dúvidas e expõe o seu pensamento com a inteligência e a independência que lhe são habituais. É assim que conheço melhor as pessoas importantes da política que passam pela televisão, quase sempre homens, o que não é muito abonatório.

Hoje, à espera da reunião do Conselho de Estado, órgão que ajuda o PR a tomar as suas decisões, a minha mãe sorriu por saber que Marcelo tomou a decisão de dissolver a AR e de a transmitir aos jornais sem dar conta do desprezo que nutre pelos membros que o integram. O homem é assim, diz a minha mãe com profundo desprezo por ele.

Quanto às eleições, só o PSD e Montenegro as desejavam. Só não contavam com elas depois do colapso do governo com o escândalo ético provocado pelo PM, como referiu o importante jornal Financial Times.

Sei que estas eleições são péssimas para o País, mas vão ser divertidas para conhecer as pessoas que Marcelo levou ao poder. Pode ser o fim do cavaquismo, que tem no mestre da banalidade, Cavaco Silva, como Saramago lhe chamou, o inspirador e na sua gente, como diz a minha mãe, os seus fiéis executores.

O governo andou onze meses em campanha eleitoral e reforçou-a no último Conselho de Ministros, repetindo à exaustão o mérito alheio que reclama seu. A única coisa que PM não conseguiu foi explicar as trapalhadas em que se meteu e que o vão acompanhar. 

A ética não é o forte desta gente. As três figuras mais importantes do País são pouco recomendáveis. A minha mãe lembrou-me que o PAR, Aguiar Branco, chegou ao lugar graças ao Pedro Nuno dos Santos e, ocupando-o ainda hoje, disse numa reunião do PSD que ele fez pior ao país do que Ventura em seis anos. Além de ingrato foi burro porque nunca mais volta ao lugar, por indignidade e traição.


A máquina de propaganda do PSD pode levar esta gente de novo ao poder, e aí é Pedro Nuno que vai à vida. O PS e o PSD não mantêm os líderes quando perdem eleições. É por isso que o PSD é o partido que mais líderes devorou. Do eleitorado do PS também não espera muito, pois tem em António José Seguro o PR preferido, e a minha mãe só não diz mal dele porque pode não haver melhor. Só o diz para mim e eu não falo disso.

Quanto às eleições, apesar de a maioria dos partidos lhe ter dito que prefere o dia 11, é certo que as marcará para 18, porque o urbano, apesar de desfeiteado pelo Montenegro, pensa que o regresso a casa dos peregrinos do dia 13 a Fátima facilita o voto no PSD. 

A minha mãe gostava de ver discutidos os gastos com a Defesa, essa estranha forma de falar dos gastos militares que um tal Mark Rute, ao serviço de Trump, quer aumentar até 5% do PIB para combater os inimigos dos EUA sem dizerem quais são os da UE.

Ela gota muito da UE que na sua opinião tem de aprender a viver sem os países que não são da UE e criar a defesa comum com os países que são seus e não com alguns que são e outros não.  Anda irritada com a leviandade com que alguns falam de armas nucleares e de a França andar aí a fingir que é o Macron que manda nos outros países, sem se dar conta de que o armamento da Alemanha pode levar de novo a França a ver os oficiais da Alemanha a desfilar nos Campos Elísios como aconteceu com os do Hitler em 1940. 

A minha mãe concorda com Forças Armadas da UE, não com as de cada um dos países, rivais entre si. Antes de isso ficar claro vota contra quem apoiar a deriva belicista da atual UE e de países que já andam aí em negociações com governos que são contra a UE, a começar no Reino Unido, a pérfida Albion, e na Turquia de Erdogan, um Irmão Muçulmano, desejoso de restaurar o califado otomano.

Vou contar mais coisas nos próximos dois meses. Hoje vou ficar por aqui. 

Musgueira, 13 de março de 2025 – Diana

Comentários

JA disse…
Continua muito bem, esta Diana, especialmente quando quer ver discutidos os gastos militares, bem como o belicismo da UE!

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