Exposição ao M.A.I.
Sr. Ministro de Estado e da Administração Interna
Dr. António Costa – Lisboa
Excelência:
Carlos Esperança, residente na Freguesia de Santo António dos Olivais, em Coimbra, eleitor n.º 1675, vem expor e solicitar o seguinte:
1 – Grassa na cidade de Coimbra uma onda de tal santidade que levou o presidente da Câmara, Carlos Encarnação, a baptizar a Ponte Europa com o nome de Rainha Santa Isabel;
2 – Uma procissão católica recente (creio que do Corpo de Deus) contou com a presença e terminou com uma homilia do dito autarca, temendo eu que, de futuro, em vez da gestão do Concelho, que lhe cabe, passe o pio edil a dedicar-se a tarefas religiosas e à salvação da alma;
3 – Nada tenho contra a presença particular nos actos litúrgicos mas vejo a laicidade do Estado ameaçada quando o autarca participa na qualidade das funções que exerce;
4 – Agora, a Junta de Freguesia passou a exibir um imenso painel na ampla parede que dá para a via pública com uma enorme imagem de Santo António e encimada com os seguintes dizeres: «António, cidadão de Coimbra». Ao fundo destacam-se as letras
garrafais de «Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais».
Em face do exposto, venho solicitar a V. Excelência, senhor ministro António Costa, o seguinte:
a) Que peça à diocese de Coimbra para colocar numa das paredes da Igreja de Santo António, sita no lado oposto do largo que a separa da Junta de Freguesia, um painel de dimensões equivalentes onde se leia: «Afonso Costa, Lente da Universidade de Coimbra», com a foto de igual tamanho à do santo.
b) Na impossibilidade de se prestar homenagem ao antigo primeiro-ministro nas paredes da Igreja, que seja mandado retirar o painel do Santo, da Junta de Freguesia, para evitar a promiscuidade entre a autarquia e a sacristia.
Certo de que o País não deve menos ao estadista do que ao Santo, confio no ministério da Administração Interna para exigir o respeito pela laicidade do Estado e preservar o pudor republicano.
Apresento-lhe respeitosos cumprimentos e saudações laicas e republicanas.
Quinta-feira, Junho 16, 2005
Carlos Esperança
Comentários
é a politica da caldeirinha...que ganda cromo
Andei aqui no Ponte Rainha Santa à procura do texto que escreveu quando o actual governo colocou à disposição do Cardeal Policarpo o Falcon para ir a Roma para o Funeral do Papa mas não encontro...
Será que poderia colocar aqui o link?
É que com a sua imparcialidadde eu tenho quase, quase a certeza que escreveu qualquer coisita. Mas não encontro... Aí estas maquinetas perdem tudo. Veja lá se me faz esse favor.
Um crente na sua imparcialidade que vai esperar pacientemente
Já várias vezes escrevi que não sou imparcial. Sou, pelo contrário, um cidadão empenhado e que me bato pelos princípios que julgo correctos.
Quanto à boleia dada ao patriarca Policarpo não me pronunciei aqui no Ponte Europa mas condenei a atitude num outro blogue em que colaboro.
Aprecio-lhe, Sr. Gravatas, o humor e a gralha de ter chamado Rainha Santa a este blogue.
Talvez o lapso o ajude na busca da bem-aventurança eterna que um crente certamente ambiciona.
Cumprimentos.
Mas, Carlos Esperança, penso que esta carta devia mesmo seguir para o Ministro!
Eu posso subscrever!
Continua, Carlos.
Não tendo por onde pegar, pegam nestes fait-divers e fazem-nos casos nacionais, com os seus ministros à mistura...
É por essas e por outras que Coimbra parou no tempo, há pelo menos 20 anos ...
Vão a Braga, a Viseu, a Aveiro e aprendam como se fazem cidades modernas e viradas para o futuro!
José Salgado
Esta exposição seguiu para o M.A.I. na data referida e foi-me acusada a recepção e o destino que lhe foi reservado.
Quanto aos anónimos que não dão a cara, já não estou em idade de lhes dar importância.
O exercício da cidadania é difícil.
Há 42 anos, o padre Morgadinho da Covilhã denunciou-me à PIDE. Tive uma sindicância e mudei de distrito.
Hoje, os anónimos querem, de novo, impedir a liberdade. Temos de estar atentos.
depois levaram alguns politicos mas como não sou tambem não me importei....
depois levaram alguns padres mas tambem não sou religioso tambem não me importei.....
depois levaram-me a mim....e quando percebi já era tarde....
é preciso expulsar os mercadores do templo.
Posso bem com os insultos. Apenas quero dizer que fui um activista político de 1961 a 1975.
Nunca me inscrevi em qualquer partido.
As minhas posições políticas são um acto de coerência e empenhamento cívico que só a mim comprometem.
Bater-me-ei para que os que me insultam o possam fazer. Sei o que é viver em ditadura com censura prévia e poder arbitrário das polícias.
É por isso que amo e defendo a democracia.
cunhal já foi.... portugal h´-ade um ida ser capaz de ser ver livre dos comunistas todos
Sou-lhe sincero... Visito esta ponte raramente e nunca por aqui "postei" nada. Mas desta vez não resisti.
E não resisti por vários motivos, o mais forte do qual a simpatia que por si nutro, muito provavelmente devido às prosas que faz publicar no nosso muito querido Calinas.
Já lhe conhecia, também, as tendências políticas, o pasado anti-fascista, a luta pela liberdade...
Tem toda a razão... Religião e política não se devem misturar. Agora, também não se podem misturar alhos com bugalhos. Tem, ao longo dos últimos anos, sido feita uma aproximação da freguesia ao seu patrono. Publicitá-la não traz mal nenhum ao mundo. Exprimir convicções religiosas também não...
Pior é entrar nas catacumbas de avental vestido, fazer negociatas às escuras, escrever cartas públicas de amor.
E, sobretudo, parar no tempo... Parar e pensar que ainda lutamos contra os fascistas, que ainda temos um Machado na presidência, que ainda somos os coitadinhos.
Já não somos; crescemos; somos melhores que isso tudo.
Graças a Deus e também ao Santo António.
(E)leitor devidamente identificado
Não o surpreenderá que, quem não vê vantagens no actual executivo camarário relativamente ao que foi presidido por Manuel Machado, discorde das suas posições.
A amabilidade com que me trata, bem diferente da do anónimo das 12h09 PM, que o precedeu e que cristamente me deseja a morte, não me impede de achar mal:
1 - A mistura da autarquia com a sacristia;
2 - A falsificação histórica da cidadania coimbrã atribuída a Santo António;
3 - A lamentável colagem de Carlos Encarnação à procissão do Corpo de Deus e a outros actos litúrgicos;
4 - Os ataques a Manuel Machado e à mulher ( a carta pública) quando as pessoas em causa se retiraram da vida pública:
5 - Não acredito que o Dr. Carlos Encarnação traia a promessa de não recandidatura a novo mandato depois de a ter feito depender da construção do Metro.
Enfim, nunca as divergências ideológicas me afastaram de ninguém, mas não renego convicções nem deixo de me bater pelo que julgo justo.
Cumprimento-o com respeito.
Não defendo o dr. Encarnação; apenas o que é melhor para a minha cidade.
Não defendo a sacristia; apenas a homilia.
Não defendo o metro; apenas um bom sistema de transportes públicos (e não precisará, de certo, que lhe lembre a história do processo e quem o emperrou).
Não defendo as retiradas estratégicas, com aparições públicas cirurgicamente combinadas com os amigos do Reis; defendo a transparência e, nalguns casos (como o em apreço) a expulsão para a localidade natal.
Quanto às suas convicções penso que nunca as deve negar. Esta cidade precisa de livres pensadores como V.Exa.
Com a graça de Deus e de Santo António de Pádua, aceite os melhores cumprimentos,
(E)leitor devidamente identificado
Bem....ainda acho pior o Batista mentir aos conimbrisenses e sobretudo acho mal que proponha coisas absolutamente populistas como o licenciamento de obras para as freguesias etalvez ilegais só para tentar ir ao encontro das opiniões dos que desconhecem o sistema e não entendem nem alcançam o resultado da medida
è que parece que dum lado só há anginhos!!! parece parece...mas só parece né
Que raio de ideia, comparar o Afonso com o António!...
(ainda me estou a rir... a rir... a rir... a rir...)
A freguesia de Santa Cruz pode ser conhecida pela freguesia da Santa Inquisição.
Não esqueça o nome do Tribunal do Santo Ofício para todos os que tiverem uma opinião diferente da sua.
Como sempre fui contra a pena de morte, coisa que a direita portuguesa aprecia no presidente Bush, não posso defender o regicídio, mas não morro de amores pelo João Franco nem pela família de Bragança.
A democracia é o pior sistema, com excepção de todos os outros, como dizia Churchil.
Curiosamente há quem se sinta mal com a falta de um pensamento único.
As piores ditaduras são teocracias.
No Irão acabaram de ganhar as eleições e, em Portugal, o miguelismo ainda não morreu.
JRA ainda reza certamente umas novenas pela alma do Sr. D. Miguel que Deus tem em Sua santa glória.
Se quiser identificar-se tenho muito gosto em discutir consigo.
Assim, é mais um miguelista a que, por delicadeza, respondo pela última vez.
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