A fé e a civilização
A benevolência de que gozam as religiões nos crimes que cometem e nos actos indignos que defendem, ou permitem, é uma forma de colaboração com a barbárie e a renúncia à defesa de princípios éticos que nenhuma tradição pode pôr em causa.
Nas Filipinas há católicos que se fazem crucificar voluntariamente. É ultrajante para a dignidade humana e uma crueldade que a civilização repudia. Permitir a perpetuação de semelhante desumanidade, em nome da tradição, envergonha a religião que a tolera e os crentes que a permitem.
Na Guiné, perante o projecto parlamentar de abolir a prática da mutilação genital feminina, os dirigentes muçulmanos consideraram a pretensão como uma «afronta ao Islão». Repudiam a eventual aprovação de legislação contra a prática «ancestral» da mutilação genital feminina porque – segundo eles – «incorrem num grave erro e numa afronta ao Islão» se deliberarem abolir um dos «sunnas», (mandamentos, em árabe) da religião muçulmana.
E então? Qual é o problema de afrontar o Islão ou qualquer outra religião que ofenda os direitos humanos? Por que razão se pactua com as barbaridades ancestrais? Se Abraão era doido e estava disposto a sacrificar o próprio filho para agradar a Deus o que leva as pessoas civilizadas a condescenderem com a superstição e a crueldade?
Não há uma guerra de civilizações, há, sim, uma guerra entre a civilização e a barbárie e a cobardia que consente que a violência tribal, em nome de uma repugnante tradição, se sobreponha aos princípios humanistas e aos avanços civilizacionais.
Nota – Em 3 de Agosto de 2006, líderes católicos, muçulmanos e judeus uniram-se para condenar a cantora Madonna por encenar uma crucificação no show que realizaria na capital italiana, no domingo seguinte, a poucos metros da Cidade do Vaticano. Era uma mera encenação. Quando é a sério, unem-se calados.
Nas Filipinas há católicos que se fazem crucificar voluntariamente. É ultrajante para a dignidade humana e uma crueldade que a civilização repudia. Permitir a perpetuação de semelhante desumanidade, em nome da tradição, envergonha a religião que a tolera e os crentes que a permitem.
Na Guiné, perante o projecto parlamentar de abolir a prática da mutilação genital feminina, os dirigentes muçulmanos consideraram a pretensão como uma «afronta ao Islão». Repudiam a eventual aprovação de legislação contra a prática «ancestral» da mutilação genital feminina porque – segundo eles – «incorrem num grave erro e numa afronta ao Islão» se deliberarem abolir um dos «sunnas», (mandamentos, em árabe) da religião muçulmana.
E então? Qual é o problema de afrontar o Islão ou qualquer outra religião que ofenda os direitos humanos? Por que razão se pactua com as barbaridades ancestrais? Se Abraão era doido e estava disposto a sacrificar o próprio filho para agradar a Deus o que leva as pessoas civilizadas a condescenderem com a superstição e a crueldade?
Não há uma guerra de civilizações, há, sim, uma guerra entre a civilização e a barbárie e a cobardia que consente que a violência tribal, em nome de uma repugnante tradição, se sobreponha aos princípios humanistas e aos avanços civilizacionais.
Nota – Em 3 de Agosto de 2006, líderes católicos, muçulmanos e judeus uniram-se para condenar a cantora Madonna por encenar uma crucificação no show que realizaria na capital italiana, no domingo seguinte, a poucos metros da Cidade do Vaticano. Era uma mera encenação. Quando é a sério, unem-se calados.
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