Três dias antes do Dia K
Fonte: Wikipedia
A três dias da independência anunciada do Kosovo, está ainda muito por decidir. Acima estão as três bandeiras finalistas de um concurso público lançado pela Kosovo Unity Team, uma das quais será escolhida pelo parlamento Kosovar como bandeira do país. Segundo as determinações do Plano Ahtisaari, o Kosovo não poderá ter como símbolos nacionais quaisquer motivos étnicos exclusivos de uma específica comunidade. Assim, não há nem águias brancas nem águias negras. A primeira proposta, à esquerda, representa em tricolor idêntico à dosposição sérvia, o negro e vermelho das cores nacionais albanesas e o branco da bandeira sérvia. Ao centro um símbolo do período neolítico, frequentemente encontrado em vestígios arqueológicos da região, que representa o girar do sol. A proposta à direita, é idêntica, mas sem o símbolo do sol. Ao centro, em fundo azul idêntico à bandeira da UE, ressalta em branco um mapa do Kosovo e cinco estrelas representando as cinco comunidades étnicas: albanesa, sérvia, gorani (eslavos islamizados que falam o idioma Torlakian, híbrido de sérvio, búlgaro e macedónio), rrom (uma etnia cigana) e egipciã (outra etnia cigana, mas islamizada e albanófona). Em breve espaço de tempo, a Constituição deverá ser aprovada.
Agora, nolens volens, há muito que preparar para evitar quer os problemas de curto prazo, quer a sustentabilidade e estabilidade do futuro estado.
A curto prazo, o grande desafio será resistir ao iminente embargo Sérvio, cujo impacte será muito forte. A Sérvia cortará o fornecimento de electricidade e gás. A rede eléctrica albanesa não tem capacidade nem sequer para assegurar o seu próprio fornecimento (mesmo em Tirana só há electricidade durante uma média de 16 horas por dia). A rede eléctrica macedónia, apesar de ter capacidade para garantir a distribuição regular no seu próprio territorio, não terá capacidade suficiente para garantir o transporte de tanta potência desde a Bulgária até ao Kosovo. Tão pouco carece de capacidade o vizinho Montenegro. Também o abastecimento de gás para aquecimento central será problemático, apesar de este inverno não ser particularmente rigoroso.
A médio e longo prazo, será essencial garantir os direitos das minorias étnicas não albanesas, eliminar a corrupção que grassa no território, eliminar a criminalidade organizada que aí é epidémica, e o que porventura será mais difícil, criar quase do zero uma economia, nessa província em que durante a soberania Jugoslava e Sérvia pouco ou nada se fez para a desenvolver (exceptuando a indústria de extracção mineira, para fornecimento de matérias primas para a indústria pesada das outras repúblicas). Será necessário construir boas estradas para evitar o isolamento de uma região de montanha. E durante largos anos, terá que ser a União Europeia a arcar com essas despesas de state-building, responsabilidade que não poderá alijar, sob pena de se criar ali um buraco negro de criminalidade e pobreza.
Concorde-se ou não com a independência do Kosovo, o dia K aproxima-se. Esperemos que tudo corra bem, que não haja confrontações violentas nem provocações desnecessárias. Esperemos que com o dia K se encerre definitivamente o último capítulo dos anais da sangrenta dissolução da Jugoslávia.
A três dias da independência anunciada do Kosovo, está ainda muito por decidir. Acima estão as três bandeiras finalistas de um concurso público lançado pela Kosovo Unity Team, uma das quais será escolhida pelo parlamento Kosovar como bandeira do país. Segundo as determinações do Plano Ahtisaari, o Kosovo não poderá ter como símbolos nacionais quaisquer motivos étnicos exclusivos de uma específica comunidade. Assim, não há nem águias brancas nem águias negras. A primeira proposta, à esquerda, representa em tricolor idêntico à dosposição sérvia, o negro e vermelho das cores nacionais albanesas e o branco da bandeira sérvia. Ao centro um símbolo do período neolítico, frequentemente encontrado em vestígios arqueológicos da região, que representa o girar do sol. A proposta à direita, é idêntica, mas sem o símbolo do sol. Ao centro, em fundo azul idêntico à bandeira da UE, ressalta em branco um mapa do Kosovo e cinco estrelas representando as cinco comunidades étnicas: albanesa, sérvia, gorani (eslavos islamizados que falam o idioma Torlakian, híbrido de sérvio, búlgaro e macedónio), rrom (uma etnia cigana) e egipciã (outra etnia cigana, mas islamizada e albanófona). Em breve espaço de tempo, a Constituição deverá ser aprovada.
Agora, nolens volens, há muito que preparar para evitar quer os problemas de curto prazo, quer a sustentabilidade e estabilidade do futuro estado.
A curto prazo, o grande desafio será resistir ao iminente embargo Sérvio, cujo impacte será muito forte. A Sérvia cortará o fornecimento de electricidade e gás. A rede eléctrica albanesa não tem capacidade nem sequer para assegurar o seu próprio fornecimento (mesmo em Tirana só há electricidade durante uma média de 16 horas por dia). A rede eléctrica macedónia, apesar de ter capacidade para garantir a distribuição regular no seu próprio territorio, não terá capacidade suficiente para garantir o transporte de tanta potência desde a Bulgária até ao Kosovo. Tão pouco carece de capacidade o vizinho Montenegro. Também o abastecimento de gás para aquecimento central será problemático, apesar de este inverno não ser particularmente rigoroso.
A médio e longo prazo, será essencial garantir os direitos das minorias étnicas não albanesas, eliminar a corrupção que grassa no território, eliminar a criminalidade organizada que aí é epidémica, e o que porventura será mais difícil, criar quase do zero uma economia, nessa província em que durante a soberania Jugoslava e Sérvia pouco ou nada se fez para a desenvolver (exceptuando a indústria de extracção mineira, para fornecimento de matérias primas para a indústria pesada das outras repúblicas). Será necessário construir boas estradas para evitar o isolamento de uma região de montanha. E durante largos anos, terá que ser a União Europeia a arcar com essas despesas de state-building, responsabilidade que não poderá alijar, sob pena de se criar ali um buraco negro de criminalidade e pobreza.
Concorde-se ou não com a independência do Kosovo, o dia K aproxima-se. Esperemos que tudo corra bem, que não haja confrontações violentas nem provocações desnecessárias. Esperemos que com o dia K se encerre definitivamente o último capítulo dos anais da sangrenta dissolução da Jugoslávia.
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