"NO BERLUSCONI DAY !"
Numa iniciativa promovida através da Internet a Itália viveu ontem calorosas manifestações cívicas – que deverão reunir cerca de 350.000 participantes em Roma - integradas numa ampla contestação chamada “No Berlusconi Day”.
Esta movimentação cívica – extensiva para o exterior (Paris, Londres, Sydney...) - tem como objectivo último, e a longo termo, criar condições para o apeamento Berlusconi da governação da Itália. Uma tarefa de saúde pública!
Os organizadores deste movimento afirmam respeitar o voto popular que reconduziu Berlusconi ao Poder, em Abril de 2008. Este será o único facto excepcional do seu sinuoso percurso como homem público. Sabem, contudo, que esta vitória é subsidiária de uma anomalia italiana – onde um homem controla 3 TV’s privadas e toda a rede televisiva pública…
O combate a todas as formas de “berlusconismo” nasceu de uma forma totalmente autónoma na Internet, mas visa atingir todos os italianos, nomeadamente, aqueles que não utilizam a rede de comunicação cibernética.
É um movimento de revolta, de protesto, independente de todos os partidos políticos e os organizadores não aceitam a participação – excepto a título pessoal – de personalidades influentes na vida pública italiana.
Organizaram um “concerto-manifestação” e os presentes exibiam objectos de cor violeta ( a única cor ainda livre ) onde ouviram personalidades como Dario Fo (prémio Nobel da Literatura) que se pronunciou sobre questões artísticas e culturais, o magistrado Domenico Gallo sobre a Justiça e um ecologista sobre a política de segregação contra os migrantes…
Enfim, a denúncia do “berlusconismo” na cultura, justiça, educação, na economia, etc. Particularmente relevante - para merecer aos organizadores uma referência à parte – foi, também, a repulsa de uma visão, conotada com um intolerável marialvismo, de Berlusconi, acerca do papel das mulheres na sociedade italiana.
Embora, toda esta movimentação não substitua o escrutínio popular que, em Democracia, é sagrado, trata-se do exercício de um direito eminentemente democrático – o direito à indignação.
Nós, que vivemos longe do epicentro destes acontecimentos mas, também, estamos fartos das múltiplas “berlusconices” que, directa ou indirectamente, nos envergonham como cidadãos europeus.
Comentários
Resta-nos esperar que os italianos demonstrem mais bom senso nas próximas eleições e que os governantes assim eleitos legislem no sentido de garantir essa liberdade e esse pluralismo.