Cavaco Silva e a fábrica de moagem


O PR tem deixado o país apreensivo pelo seu silêncio e sedentarismo. Não que alguém se preocupe com a sua saúde mas porque era legítimo que ele se preocupasse com a dos portugueses.

Quem, há dois anos, a dois dias da posse para o seu segundo mandato, defendeu contra Sócrates um «sobressalto cívico que faça despertar os portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte», tinha a obrigação de se ter solidarizado com a manifestação do passado dia 2, em que os portugueses responderam de forma grandiosa ao seu apelo de há dois anos.

Trinta e cinco dias sem sair de Belém não é hábito presidencial, é a reclusão de quem usa hábito, um capricho místico próprio de um monge ou o cumprimento da penitência  imposta por um confessor sádico.

O PR saiu para a grandiosa cerimónia de inauguração da nova moagem da empresa de cereais Nacional, no Beato, em Lisboa. Enquanto o país é triturado pelos impostos e a fome grassa nas famílias portuguesas, o PR inaugura uma nova moagem.

Uma pessoa tão sensível, capaz de captar o sorriso das vacas açorianas, deve andar com alguma moléstia ou tristeza que o impede de confortar o povo que o reelegeu. Talvez apareça alguém que lhe cante a Grândola para o animar.

Comentários

Quando Cavaco e o governo falam em "sociedade civil" têm em mente apenas os banqueiros e os grandes "empresários de sucesso"; para eles, os outros portugueses são escumalha.
Esperança: O homem não sai, porque tem estado a chover. E ele sabe muito bem que quem anda à chuva molha-se.
António Horta Pinto: A sociedade, a verdadeira, já lhe fez o perfil completo. Em Lisboa, na manifestação do último sábado, foi precisamente a evocação do seu nome, a que mais vaias recebeu da multidão. Parecia o terramoto de 1755!

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