A ‘drama sírio’ e os equilíbrios …

Os desenvolvimentos na última semana à volta da questão síria link expõem ao Mundo a grave instabilidade política que assola o Médio Oriente.

Sendo esta região do globo um ‘ninho’ de conflitos capaz de contaminar a paz mundial como as recentes tomadas de posição dos EUA, França, Rússia e China demonstram, parece ter acabado – ou estar próximo do fim – o papel de ‘polícia do Mundo’ importante instrumento da política externa americana. Contraditoriamente ao esperado (especulado) a globalização económica não resolveu, nem fez esmorecer, um dos importantes problemas do final do século XX e início do XXI – os conflitos regionais.

E no Médio Oriente (onde se insere em termos mais vastos o conflito sírio) a situação torna-se, cada dia que passa, mais difícil e potencialmente explosiva. Trata-se de um conflito extremamente marcado por complexas lutas hegemónicas regionais onde os vários autores desempenham múltiplos papéis sob diversas máscaras, incluindo, as religiosas.

Tanto o Irão, como a Turquia, colocaram no terreno os seus peões e moveram as suas influências neste terreno minado que, não há muitos anos, integrava o império otomano, como anteriormente foi o império persa e também uma presa imperial macedónica, para referir os mais importantes. Isto é, o Médio Oriente foi ao longo dos tempos um quintal de sucessivos impérios.

Existem com certeza outras vertentes (outros intervenientes) neste conflito que derivam da extensão e diversidade da região que vai geograficamente do Mediterrâneo Oriental ao Golfo Pérsico. Estes ‘outros’ actores – aparentemente de 2º. plano – acabam por enviesar todo e qualquer esforço de compreensão sobre o que está em jogo nesta região. Países como, por exemplo, a Arábia Saudita desejariam – não tenhamos dúvidas - ter um papel mais influente nesta região porque muito se joga aqui, em termos de futuro, à volta do ‘clã Saud’.

No início do século XXI, mais propriamente há cerca de 10 anos, i. e., a partir de 2003, a intervenção americana no Iraque, congeminada pelos ultraconservadores que rodeavam e comandavam G.W. Bush, trouxe infelizes resultados para o Mundo, precarizando todos os equilíbrios, facto que os EUA teimam em não avaliar histórica e politicamente.

No meio Israel, Iraque, Síria, Líbano representam o papel de actores secundários saltando de uma órbita para outra ao sabor de conveniências tácticas ou interesses imediatos. O ‘drama sírio’ e os equilíbrios  em permanente desagregação inserem-se nesta insustentável leveza (política) por mais desumana e sangrenta que seja a 'guerra civil' em curso…

Hoje, perpassa a sensação que a Síria transitou, provisoriamente, para a órbita russa. Este terá sido o resultado prático do passo em falso do dito Ocidente (Europa incluída) e não só de Obama. 
Em resumo: o Médio Oriente continua cada vez mais instável e perigoso e todas as ‘soluções’ são provisórias, efémeras e parcelares. Inconsistentes, é esse o termo.

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