O Governo e a agenda escondida

Havia, desde o princípio, uma agenda escondida do atual Governo para ajuste de contas com o 25 de Abril e os direitos dos trabalhadores. A crise foi uma ajuda suplementar a servir de álibi ao perverso desígnio.

Os pagamentos para rescisão de contratos são meros subsídios para o desmantelamento do Estado. A má gestão, a multidão de assessores, a continuação de Fundações, de EPs e isenções fiscais a instituições diversas, são formas de tornar mais dramática a situação que, com a cumplicidade do PR, este Governo vai conduzir a um ponto de não retorno.

Na saúde, um direito que nos fez viajar do Terceiro Mundo para valores dos países mais avançados, estão em saldo os hospitais, enquanto se negoceiam os doentes com o sector privado a cuja boleia engordam e se embriagam as piedosas obras assistenciais.

Os direitos estão a caminho de se tornarem favores pios e a dignidade será entregue ao arbítrio da caridadezinha, como no Egito onde os Irmãos Muçulmanos, já ilegalizados, continuam a assegurar a rede educativa e assistencial.

Recordo-me bem do que aconteceu com a diálise, muito mais barata feita por privados, mas quando os hospitais públicos perderam a sua capacidade, uma multinacional tomou conta de 80% das clínicas de diálise e impôs ela os preços.

Quando gestores amorais, académicos sedentos de poder e políticos venais se juntam, dá a funesta mistura que conduz Portugal à miséria e os portugueses à tragédia.

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