Este Governo que nos saiu na rifa

Há alturas em que um presidente, um governo e uma maioria são um frágil apoio a uma deriva com laivos totalitários. O poder absoluto, de quem não está apto para o exercer, é insuficiente, se não dominar os Tribunais e não fizer da Constituição letra morta.

Os sólidos rancores que corroem a coligação governamental, a que o PR está amarrado, são o veneno que a devora. O Governo precisa de ameaçar juízes, intimidar funcionários e apavorar o povo com o desemprego. As decisões judiciais são forças de bloqueio que abomina. A democracia é a situação que lhe causa azia e a rua o espaço que mais teme.

A Revolução permanente de Trotsky, numa espécie de associação por contraste, induziu a contrarrevolução permanente de quem tem o ódio aos trabalhadores como programa e o empobrecimento generalizado como ideologia.

Em que estudos se terão baseado os assaltantes de todas as liberdades para dilatarem o horário dos servidores do Estado? Sabem que aumentam a rentabilidade ou só querem destruir-lhes a vida familiar e um módico de felicidade que lhes resta?

A humilhação deste Governo nas eleições autárquicas não é apenas um dever cívico, é o aviso de que precisa para deixar de invocar a legitimidade formal e passar a respeitar as instituições e o povo que acreditou em quem não devia.

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