E a Andaluzia aqui tão perto…
A usura do poder e casos de corrupção foram debilitando o PSOE, e quando se esperava que o Podemos pudesse disputar o segundo lugar nas eleições de ontem, também perdeu mandatos, remetido para 4.º lugar, com o VOX a ocupar o 5.º com 12 mandatos, quando as sondagens previam 0 a 4. Pela primeira vez, na democracia, a esquerda é minoritária.
Pablo Casado, líder nacional do PP, não considera ditadura o franquismo e reconduziu o partido ao Aznarismo e ao criador Fraga Iribarne, ministro da Propaganda de Franco. O VOX tem no PP, um dos perdedores, o aliado. Cabe agora ao Ciudadanos (CS) mostrar se enjeita formar governo com fascistas ou se é um duplo do PP.
A alternativa a um governo da Andaluzia em que o VOX – prolapso da democracia –, seja excluído é a aliança entre o PSOE e o Ciudadanos.
Marine Le Pen foi a primeira política europeia a felicitar o VOX e a afirmar que “Esta formação é capaz de fazer o que os outros não fizeram em 40 anos”, isto é, reconduzir a Espanha ao fascismo.
A internacional fascista está em marcha. A Europa está a viver de novo os anos 30 do século passado e o fascismo já não precisa de golpes militares. Vem mais lentamente, e com menos ruído.
Comentários
Há-de ser sempre assim. Enquanto se contemporiza com a memória podemos ter a certeza que o fascismo, travestido de 'populismo', está à espreita.
O PSOE andaluz não podia voltar a apostar em Susana Díaz neste ambiente político onde a corrupção e os negócios ilícitos são uma nebulosa que envolve o anterior executivo desta região autónoma.
A derrota socialista na Andaluzia - embora relativa - vai contaminar Madrid e retirar campo de manobra a Pedro Sánchez. A convocação de eleições antecipadas na Andaluzia foi uma jogada infeliz e mal-sucedida de Susana Díaz. E vai obrigatoriamente debilitar o PSOE a nível nacional.
A estratégia andaluza de Susana Díaz terá imolado o Governo PSOE no altar das danças sevilhanas que têm sucesso en la Feria de Sevilha, mas não servem para conter a extrema-direita.
Terá de ser desenvolvida (arquitectada) outra estratégia que necessariamente não passará por Susana Díaz... nem com a sua continuação à frente do Governo Autónomo da Andaluzia.
Não ficaria admirado que Díaz tente coligar-se com o PP (também castigado nestas eleições) e com essa (hipotética) manobra venha a retirar credibilidade política a Sánchez (que tanto precisa dela).
Neste caso é o PP que já não pode aliar-se.
O dilema fica nos Cs que hão de decidir entre aliar-se ao VOX e PP ou ao PSOE.
Não haverá qualquer dilema. O Cs vão aliar-se ao PP e ao VOX.
O único mérito destas eleições antecipadas terá sido obrigar o Ciudadanos a
definir-se, i. e., vai ter de sair da torre de marfim onde se tinha emboscado
sob as vestes de uma Direita impoluta, respeitável e democrática...
Na verdade, vai ter de assumir a sua oculta matriz neofranquista e estará bem
confortável em parceria com o PP e o VOX na Junta da Anadluzia.
Suspeito que tudo o que une a Ultra-Direita é o oportunismo, a defesa de um capitalismo de Estado para os empresários amigos da causa (enquanto critica os capitalistas 'globalistas' e penso que não preciso de explicar a quem eles se querem referir com isto), como fazem Orbán, Putin, etc, etc e o ódio às minorias e aos estrangeiros. Em 100 anos, não mudaram uma vírgula no programa. Só mudaram mesmo as moscas...
Tarde ou cedo isto vai acabar mal. O que vale é que à medida que o seu poder vai crescendo, a máscara vai caindo. Se isto servir para alguma coisa, claro. Nos anos 30, não serviu, nomeadamente porque os democratas baixaram os braços (e os comunistas acharam que não valia a pena lutar pela 'democracia burguesa')...