Feridas da guerra colonial
A guerra que o desvario de um ditador fascista e os interesses da CUF e outras empresas alimentaram durante 13 anos deixaram feridas cujas cicatrizes se mantêm nos povos que lutaram pela autodeterminação, nos militares obrigados a combater numa guerra injusta e inútil e nos portugueses que, depois da longa guerra, foram obrigados a deixar os seus haveres numa debandada inevitável nas grandes convulsões.
É preciso não ter sentimentos para ignorar os dramas do regresso de muitos portugueses e a vinda de alguns que nunca tinham vindo a Portugal. Foi a catástrofe comum a todos os países colonialistas, o destino fatídico de um milhão de portugueses, depois da morte de 7481 jovens, 1852 amputados, 220 paraplégicos e mais de 50 mil sobreviventes que transportam ainda os traumas e a memória dolorosa da guerra sem sentido.
Há, no entanto, numerosas tragédias dentro da tragédia que foi a guerra colonial, em três frentes, mulheres e namoradas que abandonaram os involuntários emigrantes armados, filhos que esqueciam o pai, pais que envelheceram à espera do regresso, algumas vezes substituído por um telegrama a anunciar a morte “ao serviço da Pátria”, na pátria alheia, e o drama irreparável de quem viu morrer alguém com a bala que disparou.
É difícil fazer a catarse de todos os dramas e compreende-se a necessidade de falsificar a História para aliviar a consciência, para esquecer os que morreram do outro lado e, sobretudo, dos que, aliciados ou coagidos, lutaram ao lado do exército de ocupação e lá ficaram provisoriamente vivos.
É tempo de contar a verdade, porque “só a verdade liberta”, e dizer às gerações que não sofreram o exílio forçado para uma guerra que devia ter sido evitada, com proveito para todos, o que verdadeiramente aconteceu.
É tempo de Portugal revelar os países que forneceram armas à ditadura, as armas proibidas foram usadas, os produtos lançados dos aviões e helicópteros e os massacres cometidos contra populações indefesas.
Bastavam os massacres de Batepá, em S. Tomé, e o de Wiriyamu, em Moçambique, este instigado pela Pide, para cobrir de opróbrio um regime cujo branqueamento está em curso.
Em 16 de dezembro de 1972 pelo menos 385 pessoas foram mortas pela 6ª Companhia de Comandos da ditadura salazarista, sem contar os dos três dias seguintes na "limpeza" do local, ou nos interrogatórios posteriores, na Pide.
Foi há 46 anos. É tempo de contar a verdade.
É preciso não ter sentimentos para ignorar os dramas do regresso de muitos portugueses e a vinda de alguns que nunca tinham vindo a Portugal. Foi a catástrofe comum a todos os países colonialistas, o destino fatídico de um milhão de portugueses, depois da morte de 7481 jovens, 1852 amputados, 220 paraplégicos e mais de 50 mil sobreviventes que transportam ainda os traumas e a memória dolorosa da guerra sem sentido.
Há, no entanto, numerosas tragédias dentro da tragédia que foi a guerra colonial, em três frentes, mulheres e namoradas que abandonaram os involuntários emigrantes armados, filhos que esqueciam o pai, pais que envelheceram à espera do regresso, algumas vezes substituído por um telegrama a anunciar a morte “ao serviço da Pátria”, na pátria alheia, e o drama irreparável de quem viu morrer alguém com a bala que disparou.
É difícil fazer a catarse de todos os dramas e compreende-se a necessidade de falsificar a História para aliviar a consciência, para esquecer os que morreram do outro lado e, sobretudo, dos que, aliciados ou coagidos, lutaram ao lado do exército de ocupação e lá ficaram provisoriamente vivos.
É tempo de contar a verdade, porque “só a verdade liberta”, e dizer às gerações que não sofreram o exílio forçado para uma guerra que devia ter sido evitada, com proveito para todos, o que verdadeiramente aconteceu.
É tempo de Portugal revelar os países que forneceram armas à ditadura, as armas proibidas foram usadas, os produtos lançados dos aviões e helicópteros e os massacres cometidos contra populações indefesas.
Bastavam os massacres de Batepá, em S. Tomé, e o de Wiriyamu, em Moçambique, este instigado pela Pide, para cobrir de opróbrio um regime cujo branqueamento está em curso.
Em 16 de dezembro de 1972 pelo menos 385 pessoas foram mortas pela 6ª Companhia de Comandos da ditadura salazarista, sem contar os dos três dias seguintes na "limpeza" do local, ou nos interrogatórios posteriores, na Pide.
Foi há 46 anos. É tempo de contar a verdade.
Ponte Europa / Sorumbático
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