Liberdade, Igualdade e Fraternidade

A divisa da Revolução Francesa foi o corolário iluminista de um movimento que está na génese das democracias constitucionais europeias, ora em perigo, e que foi mencionada na Constituição francesa de 1946 e 1958.

A Liberdade existe, aliás, bem usada por quem a quer coartar. A Igualdade é a utopia cada vez mais longínqua, à medida que a igualdade de oportunidades é tanto menor quanto maiores forem as desigualdades sociais. A Fraternidade é, como sempre foi, um desejo que fenece quando os interesses individuais são beliscados e a inveja se sobrepõe à solidariedade.

As pessoas que tiveram educação e saúde pagas por todos, raramente recordam a dívida da sua formação e acham-se no direito de reclamar privilégios. O neoliberalismo acorda a ambição e a inveja exacerba-a. Assim, as desigualdades, longe de se atenuarem, como deviam, acentuam-se com a criação de riqueza, de que se apropriam os mais aptos.

É cada vez menos a pobreza que leva às reivindicações e cada vez mais a ganância, que as alimenta. A inveja é o combustível que frequentemente sustenta a agitação social e põe em risco a própria democracia, que deixa de o ser quando reprime.

O acentuar do fosso entre ricos e pobres, entre profissões e setores de atividade não é o cimento da democracia, mas o detonador de ditaduras que se sabe como começam e não se prevê quando acabam.

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