Jornalistas – Apesar de…, apesar de…, apesar de…
Sem jornalismo independente não há democracia e, sem o contributo de jornalistas para a investigação dos factos, não há notícias nem opinião pública esclarecida.
Por muito que surpreenda ainda é dos EUA que nos chegam notícias fiáveis e os jornais mais independentes. The New York Times e The Washington Post resistem à campanha de Trump contra eles, com uma tenacidade sem paralelo.
Foi The Washington Post que conseguiu, secundado pelo New York Times e o britânico The Guardian, transformar o assassinato do seu jornalista saudita, Jamal Khashhoggi, no consulado do seu país, em Istambul, numa notícia à escala global.
Sem a coragem e independência dos jornais referidos, a morte e o desmembramento do jornalista, a mando do núcleo do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, estaria esquecido o contrato de promessa de compra e venda de armas com os EUA, avaliado em 110 mil milhões de dólares (cerca de 96.000 milhões de euros) e que representa o melhor seguro de vida de Mohammed bin Salman, o príncipe-herdeiro que mantém o apoio de Trump e assassina os rivais, enquanto conduz o genocídio dos iemenitas.
Desta vez, a Turquia também estava interessada na denúncia do crime, por interesses de Erdogan, o déspota que em março do corrente ano tinha presos 270 jornalistas, além dos desaparecidos, mas a notícia não teria o mesmo eco sem os referidos jornais. Este crime ter-se-ia diluído no turbilhão dos casos diários, e os aliados de Riade seriam poupados à divulgação da infâmia de tão comprometedoras ligações.
O que faz a força e a independência desses jornais é o facto de as receitas provirem dos leitores, de que dependem, e não do Estado ou de empresas de outras áreas de negócios.
A desculpa da nossa cumplicidade com a morte dos jornais que dão notícias, em vez de opiniões pagas, está na substituição da informação, que custa dinheiro e sacrifica vidas, por mentiras grátis.
Não faltam jornalistas capazes de correrem riscos e de se empenharem na descoberta da verdade, minguam leitores que queiram pagar por isso. E quando os jornais morrem, é a verdade que vai a enterrar, é a opinião pública que fica mais vulnerável, é a consciência cívica dos povos que amolece, enquanto ficamos reféns de centrais tóxicas da Internet.
Sem jornais independentes, e credíveis, não teria podido escrever este texto.
Por muito que surpreenda ainda é dos EUA que nos chegam notícias fiáveis e os jornais mais independentes. The New York Times e The Washington Post resistem à campanha de Trump contra eles, com uma tenacidade sem paralelo.
Foi The Washington Post que conseguiu, secundado pelo New York Times e o britânico The Guardian, transformar o assassinato do seu jornalista saudita, Jamal Khashhoggi, no consulado do seu país, em Istambul, numa notícia à escala global.
Sem a coragem e independência dos jornais referidos, a morte e o desmembramento do jornalista, a mando do núcleo do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, estaria esquecido o contrato de promessa de compra e venda de armas com os EUA, avaliado em 110 mil milhões de dólares (cerca de 96.000 milhões de euros) e que representa o melhor seguro de vida de Mohammed bin Salman, o príncipe-herdeiro que mantém o apoio de Trump e assassina os rivais, enquanto conduz o genocídio dos iemenitas.
Desta vez, a Turquia também estava interessada na denúncia do crime, por interesses de Erdogan, o déspota que em março do corrente ano tinha presos 270 jornalistas, além dos desaparecidos, mas a notícia não teria o mesmo eco sem os referidos jornais. Este crime ter-se-ia diluído no turbilhão dos casos diários, e os aliados de Riade seriam poupados à divulgação da infâmia de tão comprometedoras ligações.
O que faz a força e a independência desses jornais é o facto de as receitas provirem dos leitores, de que dependem, e não do Estado ou de empresas de outras áreas de negócios.
A desculpa da nossa cumplicidade com a morte dos jornais que dão notícias, em vez de opiniões pagas, está na substituição da informação, que custa dinheiro e sacrifica vidas, por mentiras grátis.
Não faltam jornalistas capazes de correrem riscos e de se empenharem na descoberta da verdade, minguam leitores que queiram pagar por isso. E quando os jornais morrem, é a verdade que vai a enterrar, é a opinião pública que fica mais vulnerável, é a consciência cívica dos povos que amolece, enquanto ficamos reféns de centrais tóxicas da Internet.
Sem jornais independentes, e credíveis, não teria podido escrever este texto.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
O exercício de uma actividade redatorial livre e independente - que todos defendemos - muito dificilmente se eximirá dos conflitos de interesses que se geram à volta da questão da propriedade e de imediatos ou longínquos expectáveis custos versus benefícios que informam a política de investimento no 'mercado da informação' e objetivamente deformam (alienam) a relação comunicacional com entre os comentadores, investigadores e redatores e a sociedade.
Hoje, levanta-se como pertinente a ajuda do Estado para 'salvar' uma Imprensa livre frontalmente sitiada, agonizante e descredibilizada, como foi defendido recentemente pelo Presidente da República. Trata-se de um arriscado exercício de prestigiação que entra frontalmente em confronto com o sistema político vigente, baseado nas doutrinas liberais.
Para além disso, será uma árdua tarefa a ultrapassagem da sempre volúvel tentação dos poderes públicos em controlarem a opinião publicada e, consequentemente, o limar de uma desconfiança larvar que grassa entre os cidadãos, demorará a ter consequências e a dar frutos.
O bom jornalismo terá pela frente dias difíceis enquanto a cultura cívica dos cidadãos estiver pelas ruas da amargura e as 'fake news' continuarem a fazer caminho e a eleger populistas.
Será difícil romper com este 'circulo vicioso'... e os mais recentes acontecimentos conformam o pior.
Perante estas ameaças que se avolumam convinha em primeiro plano questionar o que está errado no sistema político e económico que propicia e alimenta todos estes desmandos e não ficar por questões deontológicas (os famosos 'banhos de ética'). O terreno social (onde se insere a comunicação) decorre destas premissas prévias.
Ou estaremos a 'andar com o carro à frente dos bois'...