O Orçamento de Estado e a agitação social

Não existe a mais leve dúvida sobre a legitimidade das greves, nem quanto à justiça das aspirações de numerosos funcionários que já davam por destruídas as suas carreiras que o anterior governo cancelou e o atual recuperou, procurando ressarcir progressivamente, de forma inacabada, os prejuízos sofridos.

Seria lamentável, como fez Passos Coelho, que se arremessassem trabalhadores do setor privado contra os da função pública, numa luta fratricida que a todos prejudica e só cria rancores, invejas e ressentimentos.

O OE_2019 não pode acolher todas as exigências e, muito menos, a dimensão de cada uma. Os empréstimos, para manterem a economia e a máquina do Estado a funcionar, dependem mais dos credores do que dos devedores e serão tão mais difíceis de obter, e em condições mais gravosas, quanto maior for o desequilíbrio orçamental e a dificuldade de gerir a dívida contraída.

A competição pré-eleitoral e as legítimas divergências dos partidos que possibilitaram o Governo prejudicam o combate comum contra esta direita, prisioneira das debilidades e fraturas internas, atraída, perante a derrota que adivinha, pela política de terra queimada contra a gestão ponderada neste período de incerteza interna e, sobretudo, internacional.

O prolongamento do exercício de um direito, embora legítimo, agrava as consequências tóxicas, provocando a rutura com a imensa maioria dos que são naturalmente atingidos por greves que mais parecem destinadas a derrubar um governo que não tem meios para as satisfazer do que a obter os ganhos que cada grupo profissional considera justos.

Há quem veja aí a possibilidade de trazer a direita de volta. Aliás, é ver a D. Cristas, neste momento a liderar a direita mais radical e implacável, a aproveitar a oportunidade.

A militância das Ordens, cuja orientação política dos bastonários é conhecida, dá a ideia de que os organismos corporativos estão ansiosos para se substituírem aos sindicatos.

É fácil aos trabalhadores atirarem com o governo, difícil é conseguirem substituí-lo por outro melhor.

Nunca pediria ou aceitaria favores de qualquer governo. Defendo este por imperativos cívicos.

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