Basta a passagem de uma geração para apagar a memória da repressão, esquecer o que foi a ditadura e desprezar o salto que o País deu na educação, saúde, riqueza e liberdade. Comparar qualquer democracia, por pior que seja, a uma ditadura, por mais branda que se afigure, é uma iniquidade intolerável. Às vezes penso que apenas as vítimas recordam ainda os medos do passado, o pesadelo da guerra colonial, a fome, o analfabetismo, o poder discricionário da polícia política ou o simulacro de justiça que faziam os Tribunais Plenários onde não faltaram juízes que se sentiam honrados pelo convite para tão infamantes funções. Eram homens sem decoro, biltres com toga, homúnculos investidos em julgadores, que desviavam o olhar e riam, quando, nas audiências, os pides agrediam democratas, réus do delito de opinião e da luta pela democracia. Encontrei o despacho de um dos mais sinistros magistrados desses tempos ominosos, de uma criatura que terá ficado impune, ele e outros crápulas sem rem