A saudita Rahaf e o direito à apostasia

Rahaf Al-Qunun é uma corajosa saudita de 18 anos que se barricou num quarto de hotel no aeroporto de Banguecoque, Tailândia, na zona de trânsito do aeroporto, para impedir os agentes da imigração tailandesa de a enviarem num avião para o Kuwait, onde estava a sua família, de que fugiu, e fosse obrigada a regressar à Arábia Saudita.

Rahaf recusa o hijab e um casamento imposto. Queria pedir asilo na Austrália, país para onde tinha um visto de 3 meses, mas foi impedida de sair da Tailândia, e só saiu do seu quarto sob proteção da ACNUR, agência da ONU para os refugiados, que irá “avaliar o caso à luz dos estatutos” e dar uma resposta. Se a ACNUR salvar esta jovem já justifica a sua existência.

A jovem gritou o seu desespero através do Twitter e implorou a solidariedade através da mensagem: "Peço a todas as pessoas que se encontram em trânsito em Banguecoque que se manifestem contra a minha expulsão", barricada no seu quarto de hotel, receosa de um regresso que lhe podia custar a vida, já que a liberdade era maior na clausura de um quarto de hotel do que na vastidão do país onde teve a infelicidade de nascer.

Esta notícia veio, há dias, na imprensa mundial. Refere a situação da jovem que fugiu de um país onde não pode ser mulher, de um país que tem relações comerciais com estados civilizados e onde a mulher é um mero objeto que os homens podem colecionar.

As autoridades tailandesas anunciaram já que não vão proceder à deportação. Rahaf é certamente de uma família rica, que pode viajar e hospedar-se num hotel, mas não passa de um objeto transacionável num país medieval, com uma religião anacrónica e violento espírito misógino que contamina as famílias embrutecidas pela fé e pelos interesses.

O grito de liberdade pode ter ecoado nos países civilizados, mas as mulheres dos países muçulmanos são o paradigma da escravatura do mais inflexível dos monoteísmos.

Em nome de uma crença execrável é vedada à mulher a liberdade de amar, o direito de escolher quem quer, como vestir-se ou com quem andar. O grito de socorro de Rahaf é o ato de extrema coragem e um exemplo que a repressão religiosa não deixará que ecoe.

Cabe a todos os homens e mulheres dos países livres exigirem o boicote aos países onde a mulher está condenada à escravidão. Maldito multiculturalismo que serve de desculpa aos países laicos para permitirem a opressão da mulher enquanto fazem negócios com a canalha que execra o porco e o cão e não passa sem a crença, cinco orações diárias, um mês de jejum anual, esmolas e, se possível, uma excursão a Meca, cinco pilares em que se baseia a violência de um profeta analfabeto e de uma religião hedionda.
 
Não há deus que valha um só artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

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