Brasil – Habemus PR Bolsonaro. Consummatum est

A tomada de posse de Jair Messias Bolsonaro foi o ato final de legitimação do golpe de Estado contra Dilma. Lá foi Michel Temer, que a traiu, a devolver a faixa presidencial, à espera da prisão, pois, ao contrário de Lula, há gravações que provam a sua corrupção.

Da conspiração das Igrejas evangélicas, com homilias, órgãos de comunicação e crentes destacados nas redes sociais, sai mais poderoso o bispo Edir Macedo e mais próximo do Paraíso quem paga o dízimo, em suaves prestações, na compra de uma assoalhada junto a Deus, mas foram os grandes interesses económico-financeiros que aprontaram o golpe e o conduziram.

Nos políticos conluiados com o poder judicial, para afastar o previsível vencedor, Lula da Silva, estava o juiz Sérgio Moro, cuja ambição dispensou um período de nojo entre a prisão, investigação e julgamento do adversário político e a entrada imediata no governo do fascista assumido, machista, homofóbico, racista, xenófobo e violento.

Bolsonaro, depois de uma carreira militar que terminou em capitão, de onde foi afastado por críticas públicas a baixos salários dos militares e a um alegado plano para dinamitar os sanitários da sua Academia Militar, foi para a política, onde se distinguiu mais pela boçalidade do que pela atividade legislativa, nos 27 anos de Congresso Federal, em que percorreu 8 partidos, sendo o último, PSL, que o indigitou para candidato à Presidência.

Convidou pessoalmente para a posse os primeiros-ministros de Israel e da Hungria e o chefe da diplomacia dos EUA. O pudor ou calculismo afastou figuras de primeiro-plano internacional do pungente espetáculo que contou com fortes medidas de segurança.
 
Em Portugal, a política externa é competência exclusiva do Governo e o PR não define relações bilaterais, mas representa o País em qualquer lugar. Apreciando os espetáculos mórbidos, mesmo assim, parecia um erro de casting no cenário e não se percebe, depois da posse, a obsessão por uma audiência, o desejo de ser figurante junto de tal figurão.
   
A enigmática afirmação, após o breve encontro do homem de cultura, civilizado, com o troglodita tropical, deixa um sentimento pungente a quem apreciava o discernimento de Marcelo: “Como eu disse e como disse o Presidente Bolsonaro, era uma reunião entre irmãos e entre irmãos o que há a dizer se diz rápido, como se diz em família”.

Não sei que interesses moveram Marcelo na deslocação, podia ter enviado Cavaco, em sua representação, como fizera no funeral de Bush-pai. Era a pessoa adequada ao papel e poupava-lhe a participação no primeiro ato do funeral da democracia brasileira.

A presença do PR em Brasília foi humilhante para ele e para o País. Numa atitude sem precedentes, só as televisões portuguesas fizeram pior. Deram desmedido relevo ao ato, cúmplices da vergonhosa promoção de Bolsonaro e da divulgação do seu ideário.

Para a posteridade ficaram também as alarvidades bolçadas pelo gen. Hamilton Mourão, o vice-presidente, com sequazes em delírio, como metáfora de uma ditadura de coronéis com a cultura de cabos quarteleiros, capazes de transformar a presidência em caserna.

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