“A democracia é preciosa e frágil” (Joe Biden, no discurso de posse)
Dois dias depois de o PR brasileiro, abrutalhado e mitómano, que tinha como referência Donald Trump, ter dito que “Quem decide se povo vive em democracia ou ditadura são as forças armadas”, as democracias liberais respiraram de alívio, depois da mais insólita tomada de posse do novo presidente americano.
Não é entusiasmo que desperta, é a confiança em Joe Biden para
respeitar os resultados em novas eleições, sem tentar falsificar os resultados,
denegrir as instituições ou incitar um golpe de Estado, à semelhança de países tribais.
O mundo viveu incrédulo e receoso o mandato de Donald Trump,
um desmiolado PR, mitómano e narcisista, indiferente aos danos à reputação dos
EUA, incitando ditaduras. Acabou a perdoar os crimes de amigos e familiares
quando viu no Partido Republicano, moldado à sua imagem, defensores da
Constituição que ele jurou e traiu.
Ontem foi mais um dia na vida de Joe Biden e um dia novo para
a democracia, segundo as regras que os americanos decidiram, sem direito a
traí-las. Até Mike Pence, dedicado Vice de Trump, acabou por abandonar o
golpista insolente, que era o exemplo de todos os aspirantes a ditadores, na
Europa e em outros continentes.
Se os EUA não julgarem e condenarem o inspirador do ataque
ao Capitólio, perderão o respeito que as suas instituições merecem, melhores do
que o comportamento de vários presidentes que fomentaram guerras noutros
países.
A derrota de Trump e a indecorosa reação talvez desanimem os
candidatos a ditadores que, por via democrática, chegam ao poder. Por isso é
tão decisiva a sua condenação e, se possível, a anulação dos perdões concedidos,
nos últimos dias, aos seus cúmplices.
O 46.º Presidente dos EUA tomou posse, entrincheirado no
Capitólio, entre barricadas e vedações para impediam um novo ataque, numa
cerimónia cuja segurança mobilizou 25 mil militares fortemente armados, e escrutinados
pelos serviços secretos, antes de serem enviados para Washington.
Com o Metro fechado, a circulação interdita, uma cerimónia sem
público, por razões de segurança e devido à pandemia, sem o luzidio desfile nem
baile tradicional, a esperança venceu o medo, e a democracia derrotou o
golpismo.
O simbolismo da presença de Clinton, Obama e Bush e o
convívio entre eles, foi, além de protocolar, a condenação política pública e plena
de Donald Trump.
Não há notícias falsas, há factos e mentiras, como deixou
claro o novo PR numa alusão ao antecessor. Agora tem a árdua senda de restaurar
a confiança, a dignidade ultrajada e o respeito pelos tratados internacionais,
que não podem ficar ao arbítrio de um malfeitor que ganhe eleições e ponha a
democracia em perigo.
Urge ‘consertar’ as relações internacionais no concerto das
nações. O tratado de Paris, as relações com a ONU e a OMS e o tratado nuclear
com o Irão serão o primeiro teste à capacidade da nova presidência americana,
onde a promissora vice-presidente, Kamala Harris,
merece um lugar de destaque e de esperança para a democracia.
Joe Biden e Kamala Harris merecem felicitações e um voto de confiança.
Ponte Europa / Sorumbático
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