Eleições presidenciais – Marcelo Rebelo de Sousa / Tiago Mayan Gonçalves
Os partidos liberais têm larga representação na Europa e em vários países democráticos de outros continentes. Sendo de direita, é um erro e uma calúnia considerar fascistas tais partidos, que, no Parlamento Europeu, são a terceira força política com 109 deputados.
Podem ser amorais e, ao contrário dos partidos fascistas,
defendem o Estado mínimo, na economia, educação, saúde e tudo o mais, podendo degenerar
em ditaduras. Sucedeu no Chile de Pinochet, e não foi o liberalismo que
prevaleceu, foi a ditadura que se impôs na aliança de extrema-direita sob a
égide de um facínora. Milton Friedman continua a ser o ideólogo do liberalismo
económico, e nunca foi fascista.
Há personalidades relevantes entre os liberais europeus, onde
Macron está incluído. Em Portugal, onde é raro os rótulos dos partidos acertarem
com a ideologia que perfilham, o Iniciativa Liberal podia ser a semente do
liberalismo económico e ter na sua estrutura personalidades de grande dimensão
intelectual que projetassem um ideário cuja bondade me abstenho agora de
qualificar.
Assisti ao debate Marcelo / Tiago Mayan onde esperava que um
modesto candidato em termos eleitorais fosse fulgurante na defesa do liberalismo
económico. Foi uma deceção tal que me levou a procurar a biografia do opositor
que Marcelo trucidou. Foi mais um a contribuir para a reeleição do PR na
confrangedora argumentação e na ideia que deixou de uma licenciatura em Direito
pela Universidade Católica.
Tiago Mayan não superou Vitorino Silva (Tino de Rãs), apesar
do diploma académico e de outras responsabilidades políticas. Com exceção do
candidato fascista, os candidatos da direita democrática são o ornamento que
faz brilhar o candidato com mais intenções de voto. Era difícil ao IL
apresentar mais fraco candidato a PR.
Resta saber se essa agremiação que dá pelo nome de
Iniciativa Liberal (IL) é um partido Liberal ou mais uma associação para
satisfazer egos inflamados, sem cuidar da imagem que deu ao partido tão fraco candidato.
Bem sabemos que a direita democrática já tem o seu
candidato, mas há diferenças entre um conservador e um liberal. A única
surpresa é o tropismo de sociais-democratas que migram para o adversário.
Comentários
O problema em Portugal é que liberal é aquele que defende o liberalismo económico, tão só e apenas e como bem nota, essa era a posição dos Chicago Boys que trabalharam para Pinochet e que eram discípulos de Friedman.
É mais fácil definir um anti-liberal (que tanto pode ser um conservador social, que defende o proteccionismo) como um estatista de Esquerda.
O Liberalismo continua a ser porventura o projecto político mais profícuo da História no sentido em que defende a autonomia do indivíduo perante o colectivo, mas não tem que negar a existência do segundo, como naquela frase atribuída a Thatcher.
Quanto à nossa estirpe de liberais provavelmente trata-se de pessoas que leram os livros de Ayn Rand em diagonal (e a senhora era meia doida, note-se)... Como de costume, trata-se de soundbytes para consumo imediato na televisão...
Subscrevo o seu comentário.
Bom ano!