Até domingo, eleitores

Em 1996 ensaiou-se uma tentativa de censura, bem-sucedida. Num programa televisivo, “Parabéns”, Herman José fazia uma brincadeira inofensiva sobre a “Última Ceia”.

Houve uma petição de 100 mil fundamentalistas a exigir censura. Entre os irados contra a “blasfémia” estava o então líder do PSD que prestou declarações bem claras à saída de um encontro com o Cardeal Patriarca...

- Sabem que era o líder do PSD?

- Vai amanhã a votos, e hão de arrepender-se os que, não sendo devotos do candidato da direita democrática, o sufragarem com a falta de reflexão para que deviam aproveitar o dia de amanhã.

Ana Gomes, Marisa Matias e João Ferreira são três opções para retirar força à direita.

Com versos de Natália Correia sabe bem refletir

MOMENTO DE POESIA – Natália Correia sobre Marcelo Rebelo de Sousa,

«o tal que um dia concorreu a presidente da autarquia de Lisboa».

MARCELO E AS TÁGIDES

Marcelo, em cupidez municipal

de coroar-se com louros alfacinhas,

atira-se valoroso - ó bacanal! -

ao leito húmido das Tágides daninhas.

Para conquistar as Musas de Camões

lança a este, Marcelo, um desafio:

Jogou-se ao verso o épico? Ilusões!...

Bate-o Marcelo que se joga ao rio.

E em eleitorais estrofes destemidas,

do autárquico sonho, o nadador

diz que curara as ninfas poluídas

com o milagre do seu corpo em flor.

Outros prodígios - dizem - congemina:

ir aos bairros da lata e ali, sem medo,

dormir para os limpar da vil vérmina

e triunfal ficar cheio de pulguedo.

Por fim, rumo ao céu, novo Gusmão

de asa delta a fazer de passarola,

sobrevoa Lisboa o passarão

e perde a pena que é de galinhola.

in INÉDITOS 1979/91

Cancioneiro Joco-Marcelino,

POESIA COMPLETA

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