Eleições presidenciais e liberdades
Estas eleições ficam marcadas pelo clima de medo da pandemia e, na impossibilidade de campanha eleitoral dos candidatos, pela permanente e inaceitável presença do PR na campanha que disse que não fazia. E não faz, fazem-lha. Todos os dias.
No fundo, só o recandidato Marcelo e o provocador fascista,
que chegou aos salazaristas adormecidos, foram beneficiados de forma obscena, o
último pelo permanente desafio à democracia, altamente conveniente para semear
o ódio e tornar-se notícia.
Marcelo chegou ao ponto de acusar as autoridades de saúde,
leia-se Governo, de não lhe dizerem em tempo oportuno, por escrito, se podia ou
não estar presente fisicamente num debate com todos os candidatos, após um
teste, das muitas dezenas que insiste fazer, ter acusado um falso positivo. Nem
sequer teve a decência de referir que o teste foi feito na Fundação
Champalimaud, só conhecido pelas desculpas apresentadas pela instituição.
É neste candidato que os eleitores PS se reveem? Não percebem
que o PR se comporta como se o regime fosse presidencialista, não sendo sequer
semipresidencialista, como erradamente se refere? Tem um papel moderador e de
defesa da Constituição.
Merece, aliás, reflexão a necessidade de sufrágio universal,
com os poderes que a CRP atribui ao PR, quando a sua designação e legitimação
podiam ser atribuídas à AR.
Na situação que arrostamos, verdadeiramente dramática, num
ambiente de guerra contra um inimigo invisível, com falta de civismo de tantos
cidadãos, é notável que as decisões sejam democraticamente tomadas na AR e que
a liberdade de expressão se mantenha.
Que outro regime permitiria o ataque cerrado, a militância
partidária, o oportunismo dos bastonários da saúde contra os decisores
políticos, que têm suportado com estoicismo a mais demolidora e oportunista
campanha contra a abnegada entrega ao serviço público?
Neste ambiente insalubre e atmosfera de medo, sinto orgulho no
regime que os militares de Abril legaram, e no Governo que temos numa calamidade
onde não se adivinham as consequências e o desfecho.
Sem nada me ligar ao partido do poder, quando quase todos
dizem mal, sinto o dever de aplaudir e homenagear o governo, que não se demite
de fazer o melhor que sabe e pode.
Comentários