O estranho caso do Procurador europeu

O que me aborreceu foi a facilidade com que aceitei a trapalhada da nota, carta ou outra coisa qualquer, com erros graves, como dolo imperdoável. Não aceitei que os interesses partidários pudessem pôr em causa a ética e a estabilidade governativa.

Há dias ouvi Poiares Maduro, no programa onde é avençado, a verberar contra a seleção legítima do Conselho para Procurador Europeu e foi aí que me lembrei do carácter desse ministro de Passos Coelho segundo o impoluto e saudoso jornalista Oscar Mascarenhas, num artigo do DN em que era provedor do leitor e cuja ligação aqui deixo:

O ruído mediático das eleições presidenciais onde os candidatos parecem concorrentes ao lugar de fiscal dos Governos, levando os eleitores que não leram a Constituição e que não estiveram atentos às suas revisões a pensarem que o Governo depende do PR e não da AR, impediu que os imperdoáveis erros se transformassem em escândalo e ataques de carácter à ministra da Justiça.

Poiares Maduro, mais amigo da intriga do que da ética, subscreveu uma carta aberta ao Parlamento Europeu com o título “Apelo ao Conselho da UE sobre a sua hipocrisia em relação ao Estado de direito”, para transformar o caso em escândalo internacional, e eu julguei que, pelo menos, o delator tinha razão. Hoje, penso que não tinha.

Quem, com o mínimo de honestidade, quiser saber o que se passou, sem absolver o que não devia ter-se passado, deve ler o artigo do Público (ontem), do procurador da República António Cluny que não pode ser acusado de simpatia por este Governo:


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