Eleições presidenciais – 24-01-2021
Tentei votar cedo e a dimensão das filas levou-me a adiar para depois de almoço o dever que tenho.
Cumpri-o já. Medo, quem o não tem? Só inconscientes. Levei máscara,
viseira, luvas e a vontade de não trair sessenta anos de intervenção cívica. Não
usei a idade para privilégios que o pudor republicano impede. Esperei
pacientemente na fila da mesa mais concorrida, à hora a que fui pela segunda
vez.
Se uma pessoa não vence o medo, vence-a o medo.
É preferível morrer vencendo a viver vencido.
É quase nulo o risco em Coimbra, onde a Câmara se esforçou
para evitar a permanência de eleitores em ambientes fechados. Na enorme sala,
amplamente arejada, além de três membros da mesa, estive só enquanto votei. A
Escola Avelar Brotero é hoje uma área de segurança num tempo em que qualquer
lugar e a qualquer hora se correm riscos.
Não há eleições para 2.º lugar como perfidamente se insinua,
há o escrutínio, a decorrer, para PR e o voto útil é a opção que cada um julga melhor
para a geometria partidária da democracia liberal, a única que assegura a
perpetuação do exercício do direito de voto.
Os canais televisivos potenciam o medo, tentando transformá-lo
em pânico, ao longo do dia, com a apoteótica referência aos números da
pandemia, talvez para atemorizarem o eleitorado mais timorato. Mas, em tempo de
servidão informativa, há sempre alguém que resiste, alguém que não deixa de
votar.
Obrigado, mulher, és o meu exemplo. Em tudo.
Comentários