Há 9 anos

Quando eram outros os governantes, quiçá por desgraça, eram mais brandos os média e clemente a opinião pública para os dislates que surgiam. A arrogância era apanágio dos figurantes e figurões do bando sequioso que acabara de chegar ao poder.

Enviadas, em 2013, por um amigo que acabara de ser despedido da SIC, aqui ficam para gáudio dos amigos e azedume dos masoquistas que frequentam este mural com a mesma regularidade com que os beatos, há um século, visitavam 7 igrejas na quinta-feira santa, as frases de 2012 que gosto de relembrar:

FRASES CÉLEBRES DA «MALTA DOS BIFES» EM 2012

«Tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas porque, como sabe, eu também não recebo vencimento como Presidente da República».
(Cavaco Silva, 20 de janeiro, durante uma visita ao Porto)
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«Quando se pergunta se o País aguenta mais austeridade, ai aguenta, aguenta. Não gostamos, mas aguenta».
(Fernando Ulrich, 30 de outubro, no III Fórum Fiscalidade-Orçamento do Estado 2013)
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«Quando as pessoas percebem que o que estamos a fazer está bem feito, então devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas... Se encontrarmos sempre desculpa para o coitadinho que não teve tempo para estudar e de fazer os trabalhos, se encontrarmos sempre uma explicação para os maus resultados, para o professor que não preparou as suas aulas... não vamos lá».
(Pedro Passos Coelho, 6 de Fevereiro, durante uma intervenção na cerimónia do 40.º aniversário das escolas do grupo Pedago)
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«Estamos praticamente no limite da capacidade de resistência do aumento da carga fiscal e de mais austeridade».
Ricardo Salgado, 4 de abril, em entrevista ao Negócios
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«A diminuição de salários não é uma política, é uma urgência, uma emergência». (António Borges, 1 de junho, em entrevista ao Etv)
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«O povo português revelou-se o melhor povo do mundo e o melhor ativo de Portugal»
(Vítor Gaspar, 4 de outubro, durante o debate das duas moções de censura apresentadas pelo PCP e pelo BE na Assembleia da República)
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«Um dos produtos mais emblemáticos que temos é o pastel de nata, assim como o pastel de Belém. (...) É interessante se pensarmos que foi um emigrante português na África do Sul que pegou num dos nossos produtos de eleição, o frango do churrasco, e tornou-o num McDonald's de frango de churrasco, que é o Nando's. Resta, por isso, perguntar: será que as natas, um dos nossos produtos de excelência, são diferentes de frangos no churrasco? Será que as natas são diferentes de hambúrgueres?»
(Álvaro Santos Pereira, 12 de janeiro, na Conferência DN "Made in Portugal")
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«A medida é extraordinariamente inteligente e os nossos empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes e não passariam no primeiro ano do meu curso na faculdade»
(António Borges, 29 de setembro, no Fórum Empresarial do Algarve, sobre a TSU)
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«Nenhum dos que aqui estão foi eleito para ganhar as próximas eleições. (...) Não foi para isso que fomos eleitos. Foi para responder ao País (...) Se algum dia tiver de perder umas eleições em Portugal para salvar o País, como se diz, que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal»
(Pedro Passos Coelho, 23 de julho, num discurso perante o Grupo Parlamentar do PSD)
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«Estar desempregado não pode ser um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma. Tem de representar, também, uma oportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha, uma mobilidade da própria sociedade».
(Pedro Passos Coelho, 11 de maio, durante a tomada de posse do Conselho para o Empreendedorismo e a Inovação, no CCB, em Lisboa)
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«[Se houver mais impostos], palavra de honra que me piro»
(António Nogueira Leite, 11 de setembro, no Facebook)
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«[8o mil euros] é um bom ordenado, mas não são milionários, são classe média. (…) Vão dar dois terços para o Estado e só ficam com um terço do ordenado. Vão trabalhar oito meses para o Estado e apenas quatro para si. (...) Eu acho que há um aumento de impostos a mais. Isto é um assalto fiscal. (...) Isto é uma espécie de assalto à mão armada ao contribuinte. (...) Isto não é para fustigar a classe média, isto é para matar a classe média»
(Luís Marques Mendes, 4 de outubro, na TVI 24, sobre a redução do limite inferior do escalão máximo de IRS)
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«Se me perguntam se eu soube? Claro que soube. Se me perguntam se eu tive uma opinião diferente. Tive uma opinião diferente. Se me perguntam se eu alertei. Alertei. Se me perguntam se eu defendi que havia outros caminhos. Defendi. Se me perguntam se eu bloqueei a decisão. Não bloqueei pela simples razão de que fiquei inteiramente convencido que isso conduziria a uma crise nas negociações com a missão externa, a que se seguiria uma crise do Governo, a que se seguiria um caos que levaria a desperdiçar todo o esforço já feito pelos portugueses»
[Paulo Portas, 16 de Setembro, em conferência de imprensa, sobre a redução da Taxa Social Única (TSU)]
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«A ideia que se dá ao País é de que não vale a pena investir no futuro, no trabalho, na dedicação, no profissionalismo, no êxito, no sucesso. Não, não vale a pena. Porque, a partir de uma determinada altura, é um napalm fiscal, arrasa tudo. É devastador. (...) O que nós estamos em presença é de um terramoto fiscal. A única dúvida é se é 7 (na escala de Richter), que é destruidor, se é 8, que é devastador. Porque isto dá cabo da economia»
Bagão Félix, 11 de outubro, numa entrevista à SIC-Notícias, a propósito do aumento de impostos do OE 2013
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«[Os pensionistas] queixam-se de lhes estarmos a pedir um esforço muito grande porque dizem que receberam hoje o que têm direito a receber, porque descontaram a vida toda para essas reformas. Não é verdade. Descontaram para ter reformas, mas não para ter aquelas reformas»
(Pedro Passos Coelho, 16 de dezembro, no discurso de encerramento do XXII congresso da Juventude Social-Democrata)
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«Existe, aparentemente, um enorme desvio entre o que os portugueses acham que devem ter como funções do Estado e os impostos que estão dispostos a pagar»
(Vítor Gaspar, 24 de outubro, durante uma audiência na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças)
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«Vamos ter que empobrecer muito, mas, sobretudo, reaprender a viver mais pobres. (...) Estamos a empobrecer realmente, mas porque vivíamos muito acima das possibilidades. (...) Há toda uma reaprendizagem de vida (...), ou vamos a um concerto de rock ou, efetivamente, podemos ir tirar uma radiografia (...). Se nós não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não podemos comer bifes todos os dias»
(Isabel Jonet, 6 de novembro, no programa "Edição da Noite", da SIC Notícias)

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