A insensatez de Marcelo e a ministra

Numa cerimónia oficial, o PR (ou terá sido o azougado Marcelo?), dirigindo-se a Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial afirmou que queria dizer-[lhe] “duas coisas”:

Aqui ficam, copiados do Público de 5 do ct. as “duas coisas”, dois infelizes parágrafos que constituem uma afronta ao Governo e uma clamorosafalta de sentido de Estado, na ofensa a outro órgão de soberania, através de um membro que responde apenas ao PM:

1 – “E, como não tenho tido oportunidade de o dizer, digo-lhe hoje. Quando aceitamos funções políticas, sabemos que é para o bem e para o mal. Não somos obrigados a aceitar. Sabemos que são difíceis, são árduas, que estão sujeitas a um controlo e a um escrutínio crescente – a democracia é isso – e há dias bons e dias maus, dias felizes e dias infelizes. A proporção é dois dias felizes por dez dias infelizes.”

E ainda,

2 – “Este é um dia superfeliz [sic], mas há dias superinfelizes [sic]. E verdadeiramente superinfeliz [sic] para si será o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que eu acho que deve ser. Nesse caso não lhe perdoo. Espero que esse dia não chegue, mas estarei atento para o caso de chegar”. [sic]

O respeito pelo cargo que S. Ex.ª ocupa impedem-me de qualificar o delírio narcisista de quem esquece: 1 – o responsável pela política do País é o Governo; 2 – Só o PM responde pelo Governo; 3 – O Governo responde perante a AR.

Os atos do Governo estão sujeitos ao escrutínio permanente dos média, dos cidadãos e dos deputados e ao julgamento político do eleitorado, não aos recados, indelicadezas, palpites, ameaças, remoques e julgamentos do PR.

A experiência política do inquilino de Belém e o prestígio de constitucionalista estão a esfumar-se em crescente desnorte, incontinência verbal, postura de treinador de futebol e despropósito, comprometendo a dignidade e o prestígio do cargo.

O desrespeito pela CRP é evidente para qualquer cidadão minimamente informado e os disparates ao alcance de qualquer eleitor.

O PR deve ser respeitado, e o titular do cargo deve merecê-lo. Marcelo está, na minha opinião, a ultrapassar o mais elementar dever de urbanidade e de respeito pelo Governo. Muitos portugueses, desconhecendo o regime parlamentar português, hão de pensar que o PR é superior hierárquico do Governo e uma espécie de treinador dos ministros.

Marcelo excedeu-se até à náusea. É reincidente e contumaz nas afrontas e falta de senso, e torna-se mais perigosas na atual conjuntura, em tempo de pandemia, guerra, falta de matérias primas, inflação, provável recessão, com as democracias europeias em risco.

É tempo de ser escrutinado pela opinião pública e sentir que as suas excentricidades e o ego inflamado são altamente nefastos a Portugal. Há limites à banalização das asneiras.

A proporção de Marcelo é de 10 afirmações infelizes por cada duas felizes. Basta!

Comentários

Manuel Rocha disse…
Certissimo! Porém, falta-lhe uma critica: à Ministra, que ouve o enxovalho e não sai batendo a porta com estrondo; e ao PM quer come e cala os constantes atropelos institucionais, colaborando mesmo com eles se for caso disso, como se viu há dias com a chamada da Ministra do Ensino Superior a Belém para uma audiência pedida pelas associações académicas.

Basicamente Marcelo quer dizer que quem manda nesta merda é ele. A direita agradece e a esquerda consente.

MRocha
Manuel Rocha:

Subscrevo a sua opinião.

Subscrevo também a opinião de Vital Moreira que acabo de publicar (copiar/colar)

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