BRASIL – O fascismo não desarma
A vitória democrática de Lula da Silva nas eleições que o medo e a poderosa máquina de propaganda dos bandos evangélicos e terratenentes não conseguiram impedir, não é mais do que um interregno na sucessão de golpes que a extrema-direita prepara, depois de ter falhado a manutenção do fascista abrutalhado na Presidência da República.
É de saudar a rapidez e eficácia com que Biden, Macron e
outros líderes importantes à escala mundial se apressaram a felicitar Lula da Silva
e a reconhecer a legitimidade e a limpidez das eleições em que, pela primeira
vez, um PR em exercício foi derrotado. O golpe de Estado militar tornara-se
impossível, apesar dos patéticos e histéricos apelos.
Tal como nos EUA, o PR brasileiro é simultaneamente o chefe
de Estado e o primeiro-ministro, com influência na nomeação dos juízes do
Supremo Tribunal. Depois do que se passou nos EUA, a invasão do Capitólio
estimulada pelo PR, temia-se o que faria o Trump tropical em Brasília, o
cobarde que não quis reconhecer a derrota.
Lula da Silva vai ter a vida dificultada, senão em perigo, com
a extrema-direita inquieta com a democracia. O PR com mais êxito na justiça social,
durante dois mandatos, será boicotado. O bolsonarismo, tal como o trumpismo, está
vivo e perigoso.
A prisão de Lula foi uma canalhice de um juiz que desonrou a
beca e preparou um golpe para o impedir de derrotar Bolsonaro, prendendo-o
ilegalmente, para ser ministro. Em vez de preso, Sergio Moro foi agora eleito
senador. O Brasil está perigoso.
Os brasileiros ainda ignoram que Lula veio a ser
competentemente ilibado da injusta acusação, condenação e prisão por alegada
corrupção, de que foi autor o ex-juiz Moro, conluiado com o procurador. O
triplex, objeto do alegado suborno, foi arrolado como propriedade da empresa falida,
nunca tendo sido de Lula da Siva, mas a humilhação e privação da liberdade foram
insuficientes para o assassinato político organizado.
Há quem esqueça o golpe contra Dilma, sobre quem jamais pairou
a mais leve suspeita de corrupção, e a sua substituição a favor de Temer,
comprovadamente corrupto.
A prisão de Lula, a destituição de Dilma ou a derrota
eleitoral de Fernando Haddad não provocaram desacatos, e as primeiras situações
bem mereciam um sobressalto cívico, a manifestação democrática contra a
iniquidade, mas é a derrota merecida do marginal que agora provoca o caos, a
exigir o apoio vigoroso das democracias ao Brasil.
A contestação da vitória de 2014 pela Presidente Dilma
Rousseff foi um apelo ao golpe militar que prosseguiu no Parlamento com deplorável
selvajaria e absoluta eficácia.
A vitória de Lula é, antes de mais, uma vitória da
democracia, a vitória contra o medo, um grito de esperança dos pobres, uma
oportunidade para a manutenção da floresta da Amazónia e um compasso de espera
para a extrema-direita.
As humilhações de Bolsonaro ao PR português tiveram agora a
resposta do eleitorado. Só falta que os juristas portugueses que convidaram Sergio
Moro como orador, quando já era notória a perseguição política a Lula, e o
ovacionaram, se retratem.
Parabéns, Lula! Parabéns, Brasil!
Comentários
Quanto a isso, meu caro, podemos esperar sentados, como costuma dizer-se.