Madame Curie – Cientista, mulher e agnóstica

No dia 7 de novembro de1867 nasceu em Varsóvia a notável cientista que, assumiu o nome de Marie Curie, após o casamento, em França, onde desenvolveu a sua atividade científica.

Foi a primeira cientista a receber duas vezes o Prémio Nobel, primeiro o da Física, em 1903, com o seu marido Pierre Curie, e o da Química, em 1911, e a única em duas áreas diferentes.

A filha Irène Curie e o marido, Frédéric Joliot-Curie, ganharam o Nobel de Química em 1935 tornando a família Curie detentora de 5 Prémios Nobel, feito inédito na história do prestigiado prémio.

Marie Curie foi um caso raro de tenacidade, inteligência e obstinação pela investigação. Pioneira numa área vedada às mulheres, a Ciência, acabou por receber a consagração mundial e abrir as portas fechadas ao sexo feminino.

Discriminada por ser mulher, viu negada a sua docência na Universidade de Cracóvia, e tornou-se um alvo de calúnias e perseguições. Acusada de judia e ateia, dois crimes que se juntavam à difícil aceitação de uma mulher cientista, quebrou o mito de que a mulher não tinha aptidão para as Ciências. E com que fulgor e fragor!

Numa época em que o sexo e a opção filosófica a votavam ao ostracismo, transformou-se na maior referência feminina do fim do século XIX e início do século XX, e pioneira da ascensão da mulher na ciclópica luta pela emancipação a caminho da igualdade com os homens.

Nascida há 155 anos, é a referência perene a estorvar os preconceitos contra a mulher.

Vale a pena ler a biografia de Marie Curie, que adorava a Polónia natal, em cuja língua educou as filhas, e conhecer a segregação que sofreu no seu país, onde o reacionarismo religioso impedia o acesso das mulheres e não tolerava o sucesso feminino.

Foi pioneira da luta que as mulheres travam corajosamente desde sempre, e que exige o esforço de homens e mulheres convictos de que não há liberdade onde um dos sexos for escravo.

Evocar Marie Curie, é prestar homenagem à cientista, mulher e agnóstica, três defeitos insuportáveis na Polónia, no tempo em que construiu uma das mais gloriosas carreiras e destruiu os mais empedernidos e detestáveis preconceitos masculinos. E constitui um libelo acusatório aos fenómenos de regressão civilizacional em curso nesta Europa que renega o Renascimento, o Iluminismo e a Revolução Francesa.  


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