Cavaco e o Papa

Cavaco Silva pediu a Bento XVI para rezar por Portugal e pelos Portugueses. A Constituição não o proíbe nem as rezas nos prejudicam. Entre as orações solicitadas ao Papa e os maus olhados encomendados à bruxa da Lousã temos de pensar que há melhores intenções no pedido das primeiras.

O que me deixa desolado, num país onde a superstição atinge o mais alto titular dos órgãos de soberania, é o à-vontade com que Cavaco solicita para mim, que me orgulho de ser português, uma reza para que não lhe passei procuração e ao arrepio da laicidade a que está obrigado.

Não sei se em período de seca o PR será capaz de pedir a um chefe índio que nos visite a habitual fogueira, para que chova, com a mesma convicção com que é capaz de pedir uma novena ao líder católico.

Há actos que envergonham um povo e situações constrangedoras para quem ouve o seu PR. Salvo o devido respeito, Cavaco pediu ao Papa um placebo para os males que nos afligem, na melhor das hipóteses, ou exerceu acto de adulação gratuita que envergonha os não crentes e para o qual não tem competência.

Cavaco pode pôr a família a beijar o anel ao Papa mas não pode humilhar o Pais perante o seu líder espiritual. É isso que distingue um estadista de um rato de sacristia.

Comentários

Julio disse…
Merecíamos um Presidente melhor.
E iremos ter um desses, um dia!
Lá porque é Presidente, isso não lhe garante pedir ao papa para rezar Painossos e Salverainhas por quem despreza toda esse farsa!!
O papa que reze pelas CRIANCAS DESAPARECIDAS, a ver se descobre de uma vez que o deus dos pequeninos é um enormíssimo hipócrita.
É que rezar Avemarias pelo nosso Presidente não é o mesmo que interceder para que as ditas crianças apareçam!
Acabemos com as seitas em Portugal – todas elas; PACIFICAMENTE, para não emular os crimes das ditas!
É facílimo: passe a usar o seu cérebro e não o do papa!
ana disse…
Sua Exa. tem habitualmente o condão de me irritar. Desta vez, fez-me pena. Completamente desorientado na missão que lhe cabe, babando-se só de olhar o papa, sem noção do ridículo. O homem ficará na História, pelos piores motivos.
e-pá! disse…
O grande equívoco do actual inquilino do palácio de Belém é um
perverso enleio entre a realidade actual, i.e.,a República Portuguesa e uma arcaica, medieva e mística "Terra de Santa Maria"...
No fundo, estar no séc. XXI e pensar como se estivesse no séc. XII!

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