Na forja um “novo” modelo europeu?

A UE, nas últimas reuniões havidas em Bruxelas, parece ter encontrado uma posição de princípio consensual no endurecimento ao controlo dos défices orçamentais dos seus membros [prevaricadores] através de novas medidas [sanções] que evitem a repetição de situações presentemente observadas no seu seio. Mais uma vez o paradigma é a Grécia…

Até aqui o rigor orçamental estava implícito nos PEC’s (Programas de Estabilidade e Crescimento). Hoje, a Zona Euro parece necessitar de melhores e mais eficientes medidas.

A cimeira europeia de Junho próximo definirá soluções [em princípio mais duras] relativamente ao incumprimento dos défices orçamentais dos seus membros. Medidas que podem ir de um maior nível exigências através dos actuais PEC’s (já avaliados e aceites) até à construção de uma política económica comum.

Hoje, é visível uma profunda alteração do modelo europeu. Isto é, as soluções políticas para a crise económica passam pela imposição – aos cidadãos europeus - de uma Europa, feita e moldada, ao “estilo alemão”.
O ministro alemão Wolfgang Schäuble, neste contexto [de incumprimento orçamental], propôs uma série de medidas draconianas, a saber: pesadas multas, a suspensão [ou cortes] de fundos estruturais e, inclusive, sanções políticas, como por exemplo, a retirada do direito de voto aos membros infractores.

Este quadro de medidas de austeridade, de rigor e duma extraordinária dureza pode induzir a asfixia económica […novos períodos de recessão] nos países menos desenvolvidos no seio de uma Europa demasiado assimétrica e pouco coesa.

Na verdade, medidas como estas podem conduzir a períodos estabilidade nas contas públicas, mas não contemplam o crescimento económico.
Todos sabemos que a “barreira orçamental” dos 3% de deficit das contas públicas, pressupõe, em contrapartida, que o crescimento das economias [na Zona Euro] andará acima desses 3%!
Assim, uma coisa será desenhar de uma política económica comum, outra será, de construir uma política financeira comum, estável, coordenada pelo BCE…

Há, todavia, um factor positivo nestas anunciadas mudanças, i. e., a UE, perante a grave crise económica e financeira, começa a debater os problemas politicamente. Embora, o centro de decisão, ao nível global, possa ser “deslocado” [transferido] para a próxima cimeira dos G 20, a realizar, também, em Junho, no Canadá (Ontário). Porque, como sabemos, sendo a natureza da crise global, as soluções devem ser – necessariamente - globais…

Resta-nos saber - no que diz respeito a Portugal - em que medida estas “inflexões germânicas” [ou para ser mais abrangente franco-germânicas] da política financeira europeia nos aportará novas [mais] medidas de austeridade. Torna-se cada vez mais evidente a necessidade de discutir as questões relativas à actual crise num contexto europeu. O debate doméstico da crise perdeu todo o sentido.
Pior, tornou-se insensato ...

Comentários

Subscrevo na íntegra este post.

Defendo há muito que a paragem da bicicleta da integração só pode fazê-la cair.

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