A crise financeira & um leviano apelo aos “brandos costumes” …
O ministro Teixeira dos Santos pretendeu deixar uma mensagem reconfortante, em termos de mercado , nas declarações recentemente proferidas para a agência Bloomberg [a]. link
Disse: as medidas de redução da despesa e aumento da receita são “impopulares por natureza” e acrescentou: “os portugueses não têm tradição de violência”….
E, nesse contexto, o ministro afirmou: “Os sindicatos vão protestar e vão existir outras expressões de descontentamento em relação a estas medidas, mas não prevejo casos de violência, como vimos na Grécia…”
De novo, é visível e preocupante a imperiosa necessidade de nos “afastarmos” da situação grega.
Situações de distanciamento e rupturas da solidariedade política e social – em tempos de crise - vão sendo cada vez mais frequentes no seio da UE. Essas rupturas políticas – apesar da participação financeira no pacote de apoio à Grécia através do BCE – mostram, para o exterior, uma imagem pouco abonatória da coesão política, económica e social no seio da UE.
É, antes, o preceito do “salve-se quem puder…!”.
Estarão bem vivas na memória dos cidadãos da UE , as manobras dilatórias e as hesitações da “locomotiva” europeia na concretização das medidas de apoio aos gregos, corporizadas pela Srª. Ângela Merckel. Na realidade, para agradar aos mercados (ou aos “eleitorados”) vale tudo…
O que será temerário e pouco avisado, no campo político, é tentar transpor previsões financeiras para o terreno social. A sociedade tem comportamentos próprios, detonadores imperceptíveis e dinâmicas internas, por vezes, contraditórias com a “acalmia” dos mercados. Nem tudo o que é bom para o mercado, será socialmente aceitável e vice-versa. Deste modo, o ministro Teixeira dos Santos não pode confundir desejos com a realidade…ou com (im)prudentes (in)certezas em relação ao futuro.
Mas, o mais preocupante, nessa entrevista, foi o seguinte: o anúncio vago, impreciso e, por isso, intimidatório, de que o Governo vai “enfrentar a tensão social”…
Esperam – os portugueses – que o anúncio de medidas de redução da despesa e aumento da receita não seja complementado por um quadro repressivo e de incremento da conflitualidade entre dirigentes políticos (e o "mundo financeiro" que gravita ao seu redor) versus a sociedade.
A democracia exige que o impacto social dessas medidas financeiras (e fiscais) seja “enfrentado” com medidas políticas adequadas e prestações sociais que aliviem a tensão e a consequente crispação social.
Será a subtil diferença entre o afirmar que se pretende enfrentar as "tensões em incubação" ou a vontade política de aliviar o incontornável impacto social das medidas já anunciadas e ...a anunciar.
Uma sociedade que não disponha de válvulas de escape institucionais, que não consiga livremente manifestar-se, i. e., uma sociedade reprimida, é (será) potencialmente violenta. O ministro Teixeira dos Santos deveria ter isto em conta… quando conversava com a Bloomberg e estava a ser ouvido pelos portugueses e portuguesas, nem sempre de “brandos costumes”.
Disse: as medidas de redução da despesa e aumento da receita são “impopulares por natureza” e acrescentou: “os portugueses não têm tradição de violência”….
E, nesse contexto, o ministro afirmou: “Os sindicatos vão protestar e vão existir outras expressões de descontentamento em relação a estas medidas, mas não prevejo casos de violência, como vimos na Grécia…”
De novo, é visível e preocupante a imperiosa necessidade de nos “afastarmos” da situação grega.
Situações de distanciamento e rupturas da solidariedade política e social – em tempos de crise - vão sendo cada vez mais frequentes no seio da UE. Essas rupturas políticas – apesar da participação financeira no pacote de apoio à Grécia através do BCE – mostram, para o exterior, uma imagem pouco abonatória da coesão política, económica e social no seio da UE.
É, antes, o preceito do “salve-se quem puder…!”.
Estarão bem vivas na memória dos cidadãos da UE , as manobras dilatórias e as hesitações da “locomotiva” europeia na concretização das medidas de apoio aos gregos, corporizadas pela Srª. Ângela Merckel. Na realidade, para agradar aos mercados (ou aos “eleitorados”) vale tudo…
O que será temerário e pouco avisado, no campo político, é tentar transpor previsões financeiras para o terreno social. A sociedade tem comportamentos próprios, detonadores imperceptíveis e dinâmicas internas, por vezes, contraditórias com a “acalmia” dos mercados. Nem tudo o que é bom para o mercado, será socialmente aceitável e vice-versa. Deste modo, o ministro Teixeira dos Santos não pode confundir desejos com a realidade…ou com (im)prudentes (in)certezas em relação ao futuro.
Mas, o mais preocupante, nessa entrevista, foi o seguinte: o anúncio vago, impreciso e, por isso, intimidatório, de que o Governo vai “enfrentar a tensão social”…
Esperam – os portugueses – que o anúncio de medidas de redução da despesa e aumento da receita não seja complementado por um quadro repressivo e de incremento da conflitualidade entre dirigentes políticos (e o "mundo financeiro" que gravita ao seu redor) versus a sociedade.
A democracia exige que o impacto social dessas medidas financeiras (e fiscais) seja “enfrentado” com medidas políticas adequadas e prestações sociais que aliviem a tensão e a consequente crispação social.
Será a subtil diferença entre o afirmar que se pretende enfrentar as "tensões em incubação" ou a vontade política de aliviar o incontornável impacto social das medidas já anunciadas e ...a anunciar.
Uma sociedade que não disponha de válvulas de escape institucionais, que não consiga livremente manifestar-se, i. e., uma sociedade reprimida, é (será) potencialmente violenta. O ministro Teixeira dos Santos deveria ter isto em conta… quando conversava com a Bloomberg e estava a ser ouvido pelos portugueses e portuguesas, nem sempre de “brandos costumes”.
É isso o que a História nos ensina.
[a] - Bloomberg é um dos principais provedores mundiais de informação para o mercado financeiro...
[a] - Bloomberg é um dos principais provedores mundiais de informação para o mercado financeiro...
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