A direita portuguesa e o poder
Não percebo a superioridade moral que a direita exibe e, muito menos, a defesa que faz do mérito dos Governos que liderou e das personalidades que gerou.
Quando ataca Guterres – o melhor e mais bem preparado primeiro-ministro da segunda República –, imagino que lhe faltaria coragem para atacar Sousa Franco, se ainda fosse vivo, ministro que equilibrou as contas públicas e a quem se deve a entrada de Portugal no euro. Calculo o que diria o ex-líder do PSD a quem o criticasse, ele que se distinguiu pela competência técnica, rigor, honestidade e mau feitio.
A direita teve a sorte e o mérito de não ser Governo quando a maior crise mundial das nossas vidas nos atingiu em cheio. O mérito deveu-se a três anos de Barroso e Santana que continuam a ecoar como pesadelo. Foram eles que deram a maioria a Sócrates. E é a longa abstinência que alimenta a gula e a arrogância de quem não olha a meios para conquistar o poder.
Não faço ataques de carácter aos traficantes de influências saídos do cavaquismo para o enriquecimento ilícito e que prestam contas à justiça, ao contrário do que, desde sempre, fazem ao actual primeiro-ministro, como o haviam feito a Ferro Rodrigues os amigos de Portas.
Chegámos a um ponto em que foram tais e tantas as acusações sem provas, que Sócrates pode, agora, permitir-se tudo sem que as dúvidas se transformem em certezas. Ninguém esquece os amigos de Santana a conspirarem. São conhecidos os nomes do seu chefe de gabinete, do inspector da PJ e do magistrado, conluiados.
Até Belém, onde era hábito haver cultura democrática, serenidade e apreço pelos outros órgãos da soberania, origina dúvidas que Miguel Sousa Tavares expôs de forma lapidar no último Expresso: «Basta recuar um ano e recordar a mentira planeada e subjacente àquela espantosa história montada em Belém, com a conivência de um jornal, e com a qual se quis convencer o país de que o Governo escutava as conversas da Presidência da República. Ninguém ficou com dúvidas de que toda a história fora fabricada e planeada para ter efeitos políticos em período pré-eleitoral. E o que sucedeu? …».
Quem então se calou, envergonhado, explorou agora de forma pusilânime as escutas que a decência e a legalidade democrática impediam. E, tal como no caso anterior, também agora se exoneram os responsáveis pelas patifarias e se acossam as vítimas. E exibe-se a arrogância de quem é capaz de tudo pela avidez do poder. Não surpreende que, na AR, o processo da TVI acabe com a grandeza moral que exorna o casal Moura Guedes.
Nota: Não escrevi este texto por Sócrates, fi-lo pelo País. Com náusea. Porque há faces demasiado ocultas a que urge tirar a máscara.
Quando ataca Guterres – o melhor e mais bem preparado primeiro-ministro da segunda República –, imagino que lhe faltaria coragem para atacar Sousa Franco, se ainda fosse vivo, ministro que equilibrou as contas públicas e a quem se deve a entrada de Portugal no euro. Calculo o que diria o ex-líder do PSD a quem o criticasse, ele que se distinguiu pela competência técnica, rigor, honestidade e mau feitio.
A direita teve a sorte e o mérito de não ser Governo quando a maior crise mundial das nossas vidas nos atingiu em cheio. O mérito deveu-se a três anos de Barroso e Santana que continuam a ecoar como pesadelo. Foram eles que deram a maioria a Sócrates. E é a longa abstinência que alimenta a gula e a arrogância de quem não olha a meios para conquistar o poder.
Não faço ataques de carácter aos traficantes de influências saídos do cavaquismo para o enriquecimento ilícito e que prestam contas à justiça, ao contrário do que, desde sempre, fazem ao actual primeiro-ministro, como o haviam feito a Ferro Rodrigues os amigos de Portas.
Chegámos a um ponto em que foram tais e tantas as acusações sem provas, que Sócrates pode, agora, permitir-se tudo sem que as dúvidas se transformem em certezas. Ninguém esquece os amigos de Santana a conspirarem. São conhecidos os nomes do seu chefe de gabinete, do inspector da PJ e do magistrado, conluiados.
Até Belém, onde era hábito haver cultura democrática, serenidade e apreço pelos outros órgãos da soberania, origina dúvidas que Miguel Sousa Tavares expôs de forma lapidar no último Expresso: «Basta recuar um ano e recordar a mentira planeada e subjacente àquela espantosa história montada em Belém, com a conivência de um jornal, e com a qual se quis convencer o país de que o Governo escutava as conversas da Presidência da República. Ninguém ficou com dúvidas de que toda a história fora fabricada e planeada para ter efeitos políticos em período pré-eleitoral. E o que sucedeu? …».
Quem então se calou, envergonhado, explorou agora de forma pusilânime as escutas que a decência e a legalidade democrática impediam. E, tal como no caso anterior, também agora se exoneram os responsáveis pelas patifarias e se acossam as vítimas. E exibe-se a arrogância de quem é capaz de tudo pela avidez do poder. Não surpreende que, na AR, o processo da TVI acabe com a grandeza moral que exorna o casal Moura Guedes.
Nota: Não escrevi este texto por Sócrates, fi-lo pelo País. Com náusea. Porque há faces demasiado ocultas a que urge tirar a máscara.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
O nosso actual PM é de esquerda?