Foi decretado o recolhimento obrigatório

A vinda do Professor Ratzinger, por alcunha Bento XVI, dignitário católico para quem a Santidade é profissão e estado civil, obrigou o País ao recolhimento obrigatório, por decreto pio e falta de pudor de quem o decidiu.


Receber com honras quem é reconhecido como chefe de Estado, é um dever do Estado de direito que somos, mas transformar o protocolo num acto de subserviência é abdicar da soberania e reduzir a dignidade do Estado português à categoria de protectorado da última teocracia europeia.


A função do Governo não é fazer com que todos creiam, é tentar resolver o problemas dos cidadãos. Nenhuma democracia tem competência para atestar o milagre que levou dois pastorinhos com muitas décadas de defunção aos altares, nem o direito de ajudar o proselitismo romano em detrimento de outras crenças.

O que se exige ao Estado é a defesa do direito às crenças, a todos as crenças, bem como às descrenças e anti-crenças que os cidadãos perfilhem.


A insólita atitude de conceder um dia de tolerância de ponto é um abuso que contraria a laicidade a que o Estado está constitucionalmente obrigado, uma discriminação injusta e gratuita para com outras crenças e um convite à participação na maratona de ave-marias e salve-rainhas que a concentração pia promove a pretexto da visita papal.


O encerramento das escolas públicas devido à chegada do papa católico é uma dolorosa metáfora do antagonismo da religião e da cultura num país onde as escolas particulares, a maior parte confessionais e católicas, continuam a ensinar.


Foi declarado o estado de recolhimento obrigatório. Só faltou coragem para impor as orações como sucedia durante a ditadura salazarista.


Quando o Estado se ajoelha é o povo que fica de rastos.

Comentários

Julio disse…
Portugal merecia um Presidente melhor!
Que ele vá à missa todos os domingos que vá, quero lá saber!
Mas que obrigue todo o povo a ajoelhar-se à passagem do cabecilha da maior SEITA do mundo é uma indecência sem paralelo!
Que raio!
Portugal não merecia um Presidente melhor?!!...
Júlio Carrancho:

Neste caso foi o primeiro-ministro. O que é pior.
e-pá! disse…
O que me continua a fascinar são os purpurinos sapatos Prada , uma sustentada, luxuriante e moderna evolução das remotas sandálias do pescador...

E fico a pensar como seria a ICAR se, esta, manifestasse a mesma capacidade inovadora na entendimento da Humanidade e do Mundo, como mostra … no calçar.
Ou, então, se a ICAR começasse a pensar com os bem gaspeados pés …
e-pá! disse…
Adenda:

Afinal, os pontifícios calcorros não serão Prada mas Stefanelli - o que em nada modifica o contexto.

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