O Governo a prazo? …
A moção de censura do PCP ao actual Governo é, acima de tudo, uma manifestação de descontentamento de um partido que, não tendo tido responsabilidades governativas directas, sente-se legitimado para questionar os Governos dos últimos anos. Governos que, como todos sabemos e a proposta de moção explícita, traduzem a cíclica rotatividade: PS/PSD.
Não pretende – como aliás declarou Jerónimo de Sousa – provocar a queda do Governo, destabilizar o Estado ou agravar a crise. Será – antes de tudo - a utilização de um mecanismo parlamentar que lhe permite, nas dramáticas circunstâncias em que [já] vivemos, ter uma voz mais audível.
Será, politicamente, um contributo no sentido da mobilização dos portugueses e das portuguesas para sensibilizá-los para as manifestações de rua que estão programadas [ou poderão vir a ser agendadas…].
O PCP, como todos sabemos, privilegia as manifestações públicas, pretendendo materializar nas acções de rua, a sua recusa em aceitar soluções ditas pragmáticas que, no seu entender, ferem os direitos dos portugueses mais desfavorecidos, por não serem equitativas.
A crise não pode cercear o exercício de direitos dos cidadãos e das organizações políticas, entre eles, o direito à indignação. Caso contrário, viveríamos numa democracia formal subsidiária de uma ditadura económica e financeira.
Mas, a moção de censura do PCP - desde início condenada a ser rejeitada – teve o condão de mostrar que o rei [o Governo] vai nu.
O PSD um dos partidos que – de momento – não exerce responsabilidades governativas, foi outro dos visados. Não acusou o toque. Preocupou-se em distanciar-se do actual Governo, apesar de ter viabilizado as actuais medidas de austeridade.
Miguel Macedo, líder parlamentar do PSD, aproveitou a ocasião para "esclarecer" José Sócrates, sobre o recente “acordo PS/PSD (?)" : …é um acordo que tem um prazo de validade. Ele incide em medidas concretas para 2010 com consequências até 2011. No final de 2010 e mais tarde, em 2011, esse acordo será avaliado". Durante a discussão, Miguel Macedo, levantou a ponta do véu: “os portugueses devem poder julgar o Governo e decidir sobre o novo caminho alternativo a seguir”.
Significa isto que: o PSD legitimou a moção de censura do PCP e mostrou como aguardará em stand by a sua oportuniudade [após as próximas eleições presidenciais - início de 2011]. A partir destas eleições [...ou eventualmente apoiado nos seu resultado], sente-se liberto para atacar o Governo e provocar a sua queda. Uma estratégia que tem sido exposta, repetidas vezes, pela nova direcção do PSD.
Ninguém acredita que esta profunda crise estará resolvida em 2011. Logo, o PSD [e em certa medida o CDS] continuará emboscado - nos calendários eleitorais e no contínuo desgaste do PS - e aguarda, ávido de poder, a sua vez. Depois do PS carregar o ónus de ter feito o “jogo sujo”…
Esta deverá ser a avaliação política da atitude abstencionista – hoje no Parlamento - do Centro/Direita.
A mensagem para os portugueses é simples e directa: O Governo PS está - no Parlamento - numa situação de contrato a termo certo. Ou, ainda, como uma moção aparentemente inofensiva tem vastos efeitos [políticos] colaterais.
Não pretende – como aliás declarou Jerónimo de Sousa – provocar a queda do Governo, destabilizar o Estado ou agravar a crise. Será – antes de tudo - a utilização de um mecanismo parlamentar que lhe permite, nas dramáticas circunstâncias em que [já] vivemos, ter uma voz mais audível.
Será, politicamente, um contributo no sentido da mobilização dos portugueses e das portuguesas para sensibilizá-los para as manifestações de rua que estão programadas [ou poderão vir a ser agendadas…].
O PCP, como todos sabemos, privilegia as manifestações públicas, pretendendo materializar nas acções de rua, a sua recusa em aceitar soluções ditas pragmáticas que, no seu entender, ferem os direitos dos portugueses mais desfavorecidos, por não serem equitativas.
A crise não pode cercear o exercício de direitos dos cidadãos e das organizações políticas, entre eles, o direito à indignação. Caso contrário, viveríamos numa democracia formal subsidiária de uma ditadura económica e financeira.
Mas, a moção de censura do PCP - desde início condenada a ser rejeitada – teve o condão de mostrar que o rei [o Governo] vai nu.
O PSD um dos partidos que – de momento – não exerce responsabilidades governativas, foi outro dos visados. Não acusou o toque. Preocupou-se em distanciar-se do actual Governo, apesar de ter viabilizado as actuais medidas de austeridade.
Miguel Macedo, líder parlamentar do PSD, aproveitou a ocasião para "esclarecer" José Sócrates, sobre o recente “acordo PS/PSD (?)" : …é um acordo que tem um prazo de validade. Ele incide em medidas concretas para 2010 com consequências até 2011. No final de 2010 e mais tarde, em 2011, esse acordo será avaliado". Durante a discussão, Miguel Macedo, levantou a ponta do véu: “os portugueses devem poder julgar o Governo e decidir sobre o novo caminho alternativo a seguir”.
Significa isto que: o PSD legitimou a moção de censura do PCP e mostrou como aguardará em stand by a sua oportuniudade [após as próximas eleições presidenciais - início de 2011]. A partir destas eleições [...ou eventualmente apoiado nos seu resultado], sente-se liberto para atacar o Governo e provocar a sua queda. Uma estratégia que tem sido exposta, repetidas vezes, pela nova direcção do PSD.
Ninguém acredita que esta profunda crise estará resolvida em 2011. Logo, o PSD [e em certa medida o CDS] continuará emboscado - nos calendários eleitorais e no contínuo desgaste do PS - e aguarda, ávido de poder, a sua vez. Depois do PS carregar o ónus de ter feito o “jogo sujo”…
Esta deverá ser a avaliação política da atitude abstencionista – hoje no Parlamento - do Centro/Direita.
A mensagem para os portugueses é simples e directa: O Governo PS está - no Parlamento - numa situação de contrato a termo certo. Ou, ainda, como uma moção aparentemente inofensiva tem vastos efeitos [políticos] colaterais.
Comentários
No texto de hoje, com o qual me identifico totalmente, o autor faz uma lúcida abordagem ao significado político da moção de censura do PCP, bem como à sua importância no actual contexto da crise económica e financeira.
A política, em Portugal, tem estado encurralada no parlamento e nos debates televisivos. Aproxima-se o momento em que ela vai transferir-se para a rua e, a partir daí, tudo passa a ser imprevisível, não só pelo desencadeamento de movimentos internos,espontâneos e desordenados, baseados no profundo descontentamento popular, mas também pelo efeito mimético do que vier a ocorrer em Espanha, onde a luta de protesto poderá vir a ressuscitar velhos fantasmas.E, como sabemos, a Espanha não é um país de brandos costumes.
Será nos bairros periféricos das grandes cidades, principalmente em Lisboa e no Porto, onde se acumula uma população jovem e deserdada, que o rastilho vai acender-se.Sem enquadramento político, o movimento pode desencadear-se num cenário de inaudita violência.
Os próximos tempos vão ser muito duros para todos nós.