O Papa e o deputado Serpa Oliva
Em artigo publicado no «Diário as Beiras» de 7 de Maio, o pio deputado do CDS de Coimbra, João Serpa Oliva, confessa a sua emoção de católico pela visita de Sua Santidade [sic] Bento XVI.
É um direito pelo qual eu me bateria mesmo que a emoção pudesse privar o CDS de um deputado que, em vez de ver o Papa, se encontrasse directamente com o deus de ambos.
Já não aceito que o deputado autóctone aproveite para pedir uma «Bênção especial para o nosso País», embora presuma que não prejudique ou beneficie quem quer que seja, sobretudo quem não distingue a Bênção especial da normal, a água benta da outra e uma rodela de pão ázimo do corpo e sangue de Cristo que o devoto vê na hóstia consagrada.
Não há motivo para a letra maiúscula da palavra «bênção» e é com perplexidade que se vê um deputado do CDS a solicitar a «Bênção especial para o País», como se Portugal fosse propriedade sua e os portugueses crentes ansiosos pela «Bênção especial».
Sei que não há qualquer ensaio duplo-cego que prove a maior eficácia da bênção papal sobre a de um pároco de província mas tenho formação cívica suficiente para repudiar uma bênção que o generoso deputado também solicitou para mim. Considero, aliás, uma vocação totalitária implorar um sinal cabalístico para os que não lhe deram mandato para tal e uma falta de respeito por quem tem a pele alérgica à água benta e a pituitária avessa ao incenso.
Na boa tradição do deputado Morgado, da secretária de Estado Mariana Cascais e de outros crentes exóticos, aparece agora o deputado Serpa Oliva convencido de que o País é um protectorado do Vaticano de religião oficial católica.
Não discuto a sua fé, que respeito, exijo ser tratado como cidadão de um país laico e não como beato das «terras de Santa Maria» como o devoto parlamentar chama a Portugal.
A menos que o exótico deputado esteja a tentar convencer os (e)leitores de que os deputados do CDS são os mais aptos para mendigar bênçãos e esconjurar maus olhados.
É um direito pelo qual eu me bateria mesmo que a emoção pudesse privar o CDS de um deputado que, em vez de ver o Papa, se encontrasse directamente com o deus de ambos.
Já não aceito que o deputado autóctone aproveite para pedir uma «Bênção especial para o nosso País», embora presuma que não prejudique ou beneficie quem quer que seja, sobretudo quem não distingue a Bênção especial da normal, a água benta da outra e uma rodela de pão ázimo do corpo e sangue de Cristo que o devoto vê na hóstia consagrada.
Não há motivo para a letra maiúscula da palavra «bênção» e é com perplexidade que se vê um deputado do CDS a solicitar a «Bênção especial para o País», como se Portugal fosse propriedade sua e os portugueses crentes ansiosos pela «Bênção especial».
Sei que não há qualquer ensaio duplo-cego que prove a maior eficácia da bênção papal sobre a de um pároco de província mas tenho formação cívica suficiente para repudiar uma bênção que o generoso deputado também solicitou para mim. Considero, aliás, uma vocação totalitária implorar um sinal cabalístico para os que não lhe deram mandato para tal e uma falta de respeito por quem tem a pele alérgica à água benta e a pituitária avessa ao incenso.
Na boa tradição do deputado Morgado, da secretária de Estado Mariana Cascais e de outros crentes exóticos, aparece agora o deputado Serpa Oliva convencido de que o País é um protectorado do Vaticano de religião oficial católica.
Não discuto a sua fé, que respeito, exijo ser tratado como cidadão de um país laico e não como beato das «terras de Santa Maria» como o devoto parlamentar chama a Portugal.
A menos que o exótico deputado esteja a tentar convencer os (e)leitores de que os deputados do CDS são os mais aptos para mendigar bênçãos e esconjurar maus olhados.
Comentários
Pasmo, perante as atitudes que vejo assumir. Ou talvez não. Porque é que me havia de admirar, quando o escrito é de um individuo que se auto intitula Administrador da Del Coimbra da Novartis? Será que esse titulo se obtém por ir algumas vezes comprar papel higiénico ao Continente para abastecer a retrete da referida Delegação? Chefe de secção? Não haverá confusão com Chefe de Quina ou comandante de Castelo? Ou é nessa condição que escreve à entidade empregadoura a felicitar no aniversário da admissão como Del Prop Médica? Delegado escolar? No tempo da outra Senhora? Serv Militar nas ex colónias, a lutar ao lado do facismo, contra os Movimentos de libertação da Colónias? Que é isso? Discutir o Sindicalismo na Sá da Bandeira ao abrigo do Roque Laia, com o Noronha a levantar a mão, para se calar? E o que me diz das posições tomadas a quando da Novartis, com a promessa de que estariam todos unidos contra a Administração (a tal do papel higiénico) por causa dos possiveis despedimentos, e que foi pelo meu amigo logo abandonada quando teve a cderteza que seria Âdministrador de Del de Coimbra.
Tudo isto mostra que o meu amigo nem sequer em si acredita, nem acredita em nada, daí o felicitar por ser ateu. Quanto ao João Ponty, também me choca porque conheci sempre a sua subserviência (talvez falsa, admito) junto da classe Médica, mas que acaba por estar de acordo com o seu perfil. Se for preciso, mata-se o pai para ir ao baile do orfanato. Este comentário não será publicado de certeza absoluta. Mas tenho a certeza de que será lido por si. è esse o objectivo.
Se a cobardia pagasse imposto, bastava esta prosa para resolver o problema do défice.
Alguma hóstia envenenada o deixou nesse estado.
És um escritor de primeira água, adoro os teus textos.
Beijinhos
AnaAustria