Naquele engano da alma, ledo e cego …

Domingo, vão abrir-se as urnas. Faz parte do ritual democrático que periodicamente pretende escrutinar os detentores de cargos políticos. Mas as eleições não são missas onde, repetitivamente, os crentes debitam ladainhas e orações. São actos de cidadania carregados de significado. De facto, as eleições abrem portas para diversas soluções. Entre elas duas são fundamentais: mudança e status quo.
Tudo tão simples se acaso funcionasse. E se o sistema apresenta brechas, inconformidades, desvios é porque o status quo, na verdade, impera. E, curiosamente, neste ínterim, congrega-se o mau estado das coisas.
A mudança, por outro lado, está carregada de enigmas. Só consegue libertar-se deles quando a turbulenta verdade se apodera dos acontecimentos. Aí nasce a rebelião. Ou, se quisermos, tão-somente a libertação.
De resto, na doce calmaria da normalidade, no sereno desenrolar da regularidade, a mudança sucumbe perante o status quo.

Estas eleições são o mais veemente apelo ao status quo. Que não é novo, nem estranho. O confronto democrático, frequentemente, encasula-se em rebuscados paradigmas, tacteia soluções mas não é capaz de encontrar a porta de saída. Do marasmo.

Há anos que “sabemos” da necessidade de mudança. Há muito tempo que sentimos a possibilidade – a necessidade – de corrigir erros que perduraram, penosamente, vamos para os cinco anos. Deixamos escapar por entre os dedos as soluções acreditando numa indolente improvisação.

Domingo, tão próximo e, provavelmente, já tão tarde, perdemos a oportunidade de confrontar na praça pública os falsários e os honestos, os íntegros e os corruptos, enfim, separar os homens dos espantalhos que, semeando o medo, perduram dezenas de anos, julgando todos [os outros] cegos ou, como a linda Inês [posta em sossego] traiçoeiramente mortos, … naquele engano da alma, ledo e cego.

Comentários

e não é bom o status quo

num país de velhos o status quo acalma

e as mudanças causam úlceras

eu quero o meu status cu ó...

nem que seja ao estilo das Doce

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