TUNÍSIA - curta resenha entre uma imolação e o fim do Sr. Ali…
A 17 de Dezembro, em Sidi Bouzid pequena cidade do centro da Tunísia, Mohamed Bouazizi, um jovem licenciado em informática, desempregado, vende legumes numa banca de rua, a fim de contribuir para a subsistência familiar. Este posto de venda [improvisado/não licenciado] é confiscado pela polícia. Mohamed Bouazizi, desesperado, um quadro técnico sem perspectivas de futuro, em protesto, imola-se em frente à Perfeitura.
Um caso de polícia vulgar. Situações idênticas verificam-se em muitos Países – nomeadamente na orla mediterrânica – como um tipo de expedientes que constituem o mercado paralelo da sobrevivência.
Mas, num País como a Tunísia onde o desemprego atinge cerca de 16% [a grande maioria jovens técnicos recém formados], reina uma endémica corrupção, o poder central é popularmente reconhecido como uma cleptocracia, os Direitos Fundamentais são espezinhados, impera um repressivo estado policial, etc., tudo isto, sob uma dormente [mas intensa] crispação social, é o mesmo que sentar-se em cima de um barril de pólvora.
Este incidente transformou-se rapidamente num detonador. A situação política [o poder] é uma bomba armadilhada que, uma vez activada pelo tenso rastilho social não deixará de explodir. No dia seguinte ao incidente, a população de Sidi Bouzid, despertou de uma anestesiante letargia e saí rua em protesto contra o desemprego e o elevado custo de vida. O poder [ditatorial e corrupto] tenta responder com uma desproporcionada repressão para controlar os protestos. O resultado é o inesperado. Os protestos estendem-se nas cidades limítrofes para, na véspera de Natal , em Menzel Bouzayane, os confrontos descambarem em tiroteios nas ruas e mais um jovem caí na rua, morto a tiro pela polícia.
A 26 de Dezembro, em Souk Jedid, cidade próxima de Sidi Bouzid, a violência alastra. A multidão enfurecida incendeia a Perfeitura e é dispersa por violentas cargas policiais.
No dia seguinte começam os desfiles de protesto em Tunes. A revolta instala-se no "coração" do poder. Ben Ali, simbolo visível do Poder, aparece na TV para afirmar que o povo tunisino está a ser vitima de uma instrumentalização [vinda do exterior]. O clássico inimigo externo das ditaduras...
Entretanto, sob a pressão popular, do movimento sindical e das forças de oposição, Ben Ali procede a cosméticos ajustamentos governamentais. Mas os protestos continuam, melhor, disseminam-se e intensificam-se.
Quando a 1 de Janeiro morre um dos feridos das manifestações de Menzel Bouzayane, Ben Ali, volta à Televisão e assume um tardio e descredibilizado papel de pacificador.
A 4 de Janeiro morre – vitima de extensas queimaduras - o jovem que se tinha imolado em Sidi Bouzid. O seu funeral é marcado por insistentes e ameaçadores apelos à vingança.
Centenas de advogados em Sidi Bouzid, Thala, etc. manifestam-se pela “defesa da liberdade de expressão” e pelo “direito ao emprego e à dignidade”.
A 10 de Janeiro os protestos já se estendem a todo o País. No dia seguinte, na capital, violentos confrontos entre manifestantes e forças de segurança causam cerca de 40 mortos. A situação tornou-se incontrolável. A 13 de Janeiro, Ben Ali volta à televisão para anunciar reformas drásticas [nomeadamente em relação ao desemprego] e anuncia que não se recandidata a um 6º. mandato, em 2014…
Aparentemente, Ben Ali rendia-se aos protestos populares. Tarde e a más horas.
No dia seguinte tenta uma outra pirueta política: demite globalmente o Governo. Horas depois demite-se a si próprio e inicia uma fuga com a sua numerosa família com destino a França, que acaba por lhe recusar a concessão de asilo.
Finalmente, aterrou no reino das Arábias. Onde espera continuar a viver as maravilhas das mil e uma noites…
Um caso de polícia vulgar. Situações idênticas verificam-se em muitos Países – nomeadamente na orla mediterrânica – como um tipo de expedientes que constituem o mercado paralelo da sobrevivência.
Mas, num País como a Tunísia onde o desemprego atinge cerca de 16% [a grande maioria jovens técnicos recém formados], reina uma endémica corrupção, o poder central é popularmente reconhecido como uma cleptocracia, os Direitos Fundamentais são espezinhados, impera um repressivo estado policial, etc., tudo isto, sob uma dormente [mas intensa] crispação social, é o mesmo que sentar-se em cima de um barril de pólvora.
Este incidente transformou-se rapidamente num detonador. A situação política [o poder] é uma bomba armadilhada que, uma vez activada pelo tenso rastilho social não deixará de explodir. No dia seguinte ao incidente, a população de Sidi Bouzid, despertou de uma anestesiante letargia e saí rua em protesto contra o desemprego e o elevado custo de vida. O poder [ditatorial e corrupto] tenta responder com uma desproporcionada repressão para controlar os protestos. O resultado é o inesperado. Os protestos estendem-se nas cidades limítrofes para, na véspera de Natal , em Menzel Bouzayane, os confrontos descambarem em tiroteios nas ruas e mais um jovem caí na rua, morto a tiro pela polícia.
A 26 de Dezembro, em Souk Jedid, cidade próxima de Sidi Bouzid, a violência alastra. A multidão enfurecida incendeia a Perfeitura e é dispersa por violentas cargas policiais.
No dia seguinte começam os desfiles de protesto em Tunes. A revolta instala-se no "coração" do poder. Ben Ali, simbolo visível do Poder, aparece na TV para afirmar que o povo tunisino está a ser vitima de uma instrumentalização [vinda do exterior]. O clássico inimigo externo das ditaduras...
Entretanto, sob a pressão popular, do movimento sindical e das forças de oposição, Ben Ali procede a cosméticos ajustamentos governamentais. Mas os protestos continuam, melhor, disseminam-se e intensificam-se.
Quando a 1 de Janeiro morre um dos feridos das manifestações de Menzel Bouzayane, Ben Ali, volta à Televisão e assume um tardio e descredibilizado papel de pacificador.
A 4 de Janeiro morre – vitima de extensas queimaduras - o jovem que se tinha imolado em Sidi Bouzid. O seu funeral é marcado por insistentes e ameaçadores apelos à vingança.
Centenas de advogados em Sidi Bouzid, Thala, etc. manifestam-se pela “defesa da liberdade de expressão” e pelo “direito ao emprego e à dignidade”.
A 10 de Janeiro os protestos já se estendem a todo o País. No dia seguinte, na capital, violentos confrontos entre manifestantes e forças de segurança causam cerca de 40 mortos. A situação tornou-se incontrolável. A 13 de Janeiro, Ben Ali volta à televisão para anunciar reformas drásticas [nomeadamente em relação ao desemprego] e anuncia que não se recandidata a um 6º. mandato, em 2014…
Aparentemente, Ben Ali rendia-se aos protestos populares. Tarde e a más horas.
No dia seguinte tenta uma outra pirueta política: demite globalmente o Governo. Horas depois demite-se a si próprio e inicia uma fuga com a sua numerosa família com destino a França, que acaba por lhe recusar a concessão de asilo.
Finalmente, aterrou no reino das Arábias. Onde espera continuar a viver as maravilhas das mil e uma noites…
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