As eleições autárquicas, o Governo e o PR
Passos Coelho afirmou hoje (cito de memória) que não terão influência no Governo os resultados eleitorais autárquicos. O que lhe dói, é submeter-se a eleições e ter de aceitar os resultados; o que lhe causa azia, não é o que o povo pensa mas a forma como vota; o que o dececiona, é já não ter tempo para concluir a política de terra queimada a que se propôs.
O processo de subversão em curso, onde contou sempre com o acrisolado afeto do PR, teve travagens com as decisões do TC e terá domingo uma resposta inequívoca com os resultados eleitorais.
PPC julgou que era PM, antes de Portas lhe mostrar que não era bem assim; pensou que tinha todos os poderes, sem imaginar que a suspensão das leis era uma impossibilidade; imaginou vingar-se da democracia e do 25 de Abril, sem força para suspender a CRP; e, finalmente, limita-se a deixar o País num estado incomparavelmente pior do que aquele em que o encontrou.
No PSD deixa mossas profundas, lega um partido que faz falta à democracia sem ânimo e sem rumo, desolado e à deriva, esperando que um salvador o reconduza à participação democrática e à intervenção cívica, depois da desinfeção profunda de ultraliberais e dos restos da tralha cavaquista.
No domingo à noite, os avençados do costume irão provar, nos canais televisivos, que a derrota foi dos outros partidos, que o número de Câmaras do PSD o deixou em situação confortável, como se o município da Calheta fosse igual ao de Lisboa e Pinhel pudesse comparar-se a Sintra.
No domingo, por maiores piruetas e contorcionismos que os indefetíveis façam, o PSD de Passos Coelho entra em estado comatoso depois da longa agonia de que as maiores vítimas foram os portugueses. Já era tempo.
De Belém, o outro derrotado, que se remeteu ao silêncio, virá felicitar o povo português pela lição de maturidade democrática, uma afirmação que à força de repetida parece um insulto, com aquela voz de que estamos fartos e a desfaçatez de quem se quer demarcar da derrota eleitoral cujo mérito também é seu.
O processo de subversão em curso, onde contou sempre com o acrisolado afeto do PR, teve travagens com as decisões do TC e terá domingo uma resposta inequívoca com os resultados eleitorais.
PPC julgou que era PM, antes de Portas lhe mostrar que não era bem assim; pensou que tinha todos os poderes, sem imaginar que a suspensão das leis era uma impossibilidade; imaginou vingar-se da democracia e do 25 de Abril, sem força para suspender a CRP; e, finalmente, limita-se a deixar o País num estado incomparavelmente pior do que aquele em que o encontrou.
No PSD deixa mossas profundas, lega um partido que faz falta à democracia sem ânimo e sem rumo, desolado e à deriva, esperando que um salvador o reconduza à participação democrática e à intervenção cívica, depois da desinfeção profunda de ultraliberais e dos restos da tralha cavaquista.
No domingo à noite, os avençados do costume irão provar, nos canais televisivos, que a derrota foi dos outros partidos, que o número de Câmaras do PSD o deixou em situação confortável, como se o município da Calheta fosse igual ao de Lisboa e Pinhel pudesse comparar-se a Sintra.
No domingo, por maiores piruetas e contorcionismos que os indefetíveis façam, o PSD de Passos Coelho entra em estado comatoso depois da longa agonia de que as maiores vítimas foram os portugueses. Já era tempo.
De Belém, o outro derrotado, que se remeteu ao silêncio, virá felicitar o povo português pela lição de maturidade democrática, uma afirmação que à força de repetida parece um insulto, com aquela voz de que estamos fartos e a desfaçatez de quem se quer demarcar da derrota eleitoral cujo mérito também é seu.
Comentários
Diz o PM que não se pode "fazer de conta" que não houve uma crise política no Verão. Agora não há? Alguma vez deixou de haver? A discussão na praça pública do PIB revela a anedota da coesão governamental: 4,0% canta o PM,4,5% responde o VICE.Dois galos vêm para a rua ao desafio ver quem canta mais alto.Mas não têm esporas para a galinha.
Esta gente pensa que ainda (ou já?)estamos no tempo de Salazar; com censura prévia, fronteira em Vilar Formoso e correio distribuído por carteiros a deslocarem-se a pé ou de bicicleta.
Tomam-nos por parvos?
E a intervenção de Passos Coelho na campanha eleitoral autárquica é a face visível desse desastre.
No próximo domingo não será mais possível assobiar para o lado. E tiradas altissonantes do tipo 'a vida do governo não depende destas eleições' serão obviamente consideradas expressões completamente deslocadas da realidade. Até porque, no seu intimo, Passos Coelho sabe a quem deve a sua meteórica ascensão a primeiro-ministro. E se pretende passar ao lado dessa 'verdade' já neste domingo alguém começará a recordar-lhe (cobrar-lhe) 'isso'.
Como Passos Coelho pouco ou nada tem para dar aos militantes autárquicos estes encontrarão maneira de saldar dívidas passadas.
Mas este 'cenário negro' que ameaça o PSD não é obrigatoriamente uma vitória do PS.
E necessário compreender em que sentido se efectuaram as transferências de voto, o protagonismo eleitoral dos 'independentes' e, finalmente, avaliar a expressão da abstenção.
Sendo estas as primeiras eleições do 'período pós-troika' esta particular circunstância confere-lhe um especial significado. Que por mais malabarismos que Passos Coelho tente fazer terá sempre uma repercussão nacional. Internacionalmente a situação não será melhor. Quando os resultados na noite de domingo forem divulgados (estou a guiar-me por algumas sondagens mais recentes) e reproduzidos nos media europeus o Governo poderá perder a face. Os omnipresentes 'mercados' são muito sensíveis a indícios e lestos nas suas 'notificações'...
O lapso era facilmente entendido.